Papo de Mãe

AVÓS DE PRIMEIRA VIAGEM – A Avó Coragem

pmadmin Publicado em 20/03/2012, às 00h00 - Atualizado em 06/10/2014, às 12h47

Imagem AVÓS DE PRIMEIRA VIAGEM – A Avó Coragem
20 de março de 2012


Por Lídia Aratangy e Leonardo Posternak*

Para além do clima de leveza e bom-humor com que temos nos referido às avós ao longo de todo o nosso livro, gostaríamos de ressaltar o profundo respeito e a sincera admiração com que encaramos a figura da avó. Fomos inúmeras vezes testemunhas da coragem e sabedoria dessas heroínas anônimas, que juntam os cacos de famílias estilhaçadas e, com a solda feita de sua persistência, conseguem recompor um vitral.

         Como a personagem de Bertold Brecht (Mãe Coragem), essas matriarcas carregam em seus carrinhos de mão a memória e as relíquias da família, no desejo incansável de unir gerações através da crônica dos antepassados, de cuja lembrança se fazem depositárias.

Sua força é, muitas vezes, a última a esmorecer diante das dificuldades e dramas por que passam as famílias.  Mais de uma vez vimos pais e mães, os mais modernos e letrados, tornarem-se pequenos e humildes diante de uma avó, imigrante e semianalfabeta, a cuja intuição e presença de espírito deviam a vida de um filho pequeno.

          Mais do que admiração e respeito, sentimos pelos avós um afeto sincero e profundo.  Gostamos dos avós.  Esta afirmação pode soar preconceituosa ou, no mínimo, tendenciosa. Mas não é mais preconceituosa do que o clichê  “os avós estragam os netos”. 

         Gostamos dos nossos avós. Durante o processo de criação  deste livro, nós nos referimos inúmeras vezes aos fantásticos avós com que cada um de nós foi agraciado. Com certeza isto tinge de cores especiais a tela onde nossas lembranças são registradas. 

         Como pediatra e psicanalista, acreditamos que o bebê se faz sujeito a partir da trama das relações familiares, emolduradas pela história anterior ao seu nascimento.  Por meio do mágico contato entre avós e netos, essa história se reafirma e se faz viva, num enredo que transcende os personagens reais e ignora solenemente o fato de uma avó ser intrusiva ou distante, de um avô ter mais ou menos jogo de cintura.


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* Trecho extraído do “Livro dos Avós: na casa dos avós é sempre domingo?” de Lídia Aratangy e Leonardo Posternak, especialistas convidados do Programa Papo de Mãe sobre “avós de primeira viagem”, exibido em 18.03.2012.




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