Papo de Mãe

Depressão pós-parto: mais comum do que se imagina

Espera-se que o período da gestação e do nascimento do bebê seja de alegrias e emoções positivas. No entanto, sabe-se que uma depressão pós-parto atinge cerca de 15 a 20% das mulheres.

Roberta Manreza Publicado em 18/01/2018, às 00h00

Imagem Depressão pós-parto: mais comum do que se imagina
18 de janeiro de 2018


Prof. Dr. Mario Louzã*, psiquiatra e psicanalista

Espera-se que o período da gestação e do nascimento do bebê seja de alegrias e emoções positivas. No entanto, sabe-se que uma depressão pós-parto atinge cerca de 15 a 20% das mulheres. Define-se a depressão pós-parto como aquela que ocorre nas primeiras 4 a 6 semanas após o parto. No entanto, em muitos casos, a depressão começa já antes do parto, no final da gravidez, persistindo no puerpério, o que leva alguns autores a preferir o termo peri-parto, para caracterizar esse período

O quadro mais leve e transitório de depressão, conhecido como “maternity blues”, chega a acometer 60% das mulheres no pós-parto. Os sintomas, como tristeza, choro fácil, labilidade das emoções e desânimo; são sentidos nos primeiros dias, logo após o parto, mas desaparecem com o tempo, em questão de uma ou duas semanas.

Já a depressão pós-parto é mais grave, e pode surgir antes mesmo do parto, no final da gestação. Os sintomas são similares aos da depressão comum, como tristeza, apatia, ideias de culpa, insônia e até desinteresse pelo bebê.

Nos quadros mais críticos, podem ocorrer ideação suicida, havendo também o risco de infanticídio, o que, felizmente, é raro. A frequência de ideação suicida é de cerca de 2% nos primeiros seis meses pós-parto.

A tendência à depressão pós-parto depende da interação de vários fatores, incluindo genética; alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e no pós-parto; fatores sociais e culturais; além do estresse natural da maternidade.

Mulheres que tiveram depressão pós-parto podem ter novamente em uma gestação subsequente. Sendo assim, é preciso ficar alerta aos sintomas que, possivelmente, podem se manifestar de novo.

O tratamento, dependendo do caso, pode incluir medicação antidepressiva, sempre com orientação médica, principalmente se a mãe estiver amamentando o bebê. Além da medicação, a psicoterapia pode auxiliar a mãe a lidar com as dificuldades e responsabilidade da nova vida.

Fica claro que, neste cenário, o cuidado com o recém-nascido fica prejudicado por parte da mãe. Por isso, a ajuda da família e a intervenção terapêutica são fundamentais. Reconhecer que a depressão é uma doença como outra qualquer, e incentivar o tratamento, ajuda na recuperação da mãe.

*Prof. Dr. Mario Louzã é médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha, e membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.  

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