Papo de Mãe

Quatro dúvidas comuns sobre o câncer durante a gestação

Roberta Manreza Publicado em 05/07/2018, às 00h00

Imagem Quatro dúvidas comuns sobre o câncer durante a gestação
5 de julho de 2018


Por Dra. Michelle Samora, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas*

Especialista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas esclarece as principais dúvidas das mulheres quando recebem o diagnóstico de um câncer durante a gravidez
Câncer na gestação é incomum, estudos recentes apontam que uma a cada 1.000 gestantes são surpreendidas com esse diagnóstico. Diante deste cenário, existem diversas dúvidas que permeiam a cabeça das mulheres e, para reverter este quadro é necessário o acompanhamento multidisciplinar especializado, que conduzirá o tratamento da melhor forma, sem prejudicar o desenvolvimento do bebê.

De acordo com dados do Instituto Oncoguia, os cânceres que acontecem com maior frequência durante a gravidez são: os de mama, colo de útero, de pele (melanoma), linfomas e leucemias“Lidar com a doença no momento da gravidez não é fácil, porém, é preciso deixar claro que existem possibilidades de tratamento. O tumor de colo do útero, por exemplo, pode ser tratado durante a gestação e, dependendo do estágio em que o tumor se encontra, também pode ser tratado depois do nascimento do bebê”, comenta a Dr. Michelle Samora, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.

Abaixo, a especialista esclarece as principais dúvidas sobre neoplasias durante a gestação:

1-  Quando acontece o surgimento de um câncer durante a gravidez, qual o primeiro passo a ser seguido?

De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde em seu último manual de pré-natal, a autonomia da paciente é um direito que deve ser sempre respeitado. Dessa forma, o desejo da mulher de manter a sua gestação deve ser considerado. Assim, o objetivo principal é encontrar o caminho que não prejudique a saúde do bebê e, ao mesmo tempo, consiga combater o crescimento da doença. Por isso, é indicado que se procure um oncologista que, por sua vez, irá recomendar o melhor tratamento em cada caso. Durante o processo, é preciso se atentar também ao crescimento fetal de maneira mais cuidadosa do que de uma gestação comum. Qualquer mudança no feto, fará com que o tratamento seja revisto.

2-  Os tratamentos de câncer podem interferir no desenvolvimento do feto?

Esse é um fator preocupante. Utilizamos os tratamentos quimioterápicos apenas a partir do segundo trimestre de gestação, quando o efeito teratogênico é possivelmente menor sobre o feto. A radioterapia pode causar problemas no bebê como microcefalia, retardo mental, microoftalmia, catarata, anormalidades, até morte fetal. Além disso, deve ser considerada individualmente de acordo com o tipo e localização do tumor, desde que a dose no feto seja inferior aos limiares de segurança, o que pode ser atingido mediante uso de blindagens, configurações de campos de radiação e planejamento por especialistas capacitados. A radioterapia em pelve e órgãos próximos ao feto é contraindicada, por exemplo, no câncer de colo de útero. A cirurgia, por sua vez, pode ser realizada durante a gestação, mas em determinadas ocasiões pode ser reservada para o período pós-parto.

3-  É indicado que a paciente faça um acompanhamento multidisciplinar?

Além do tratamento médico também é recomendado que a mulher passe por um acompanhamento psicológico bem direcionado para amparar e dar suporte. Por meio desse processo multidisciplinar, a mulher se sente mais segura para enfrentar o tratamento, lida melhor com o medo da doença e a preocupação com o desenvolvimento da criança. Mesmo o câncer durante a gravidez sendo considerado de alta gravidade, é possível tratá-lo de maneira segura tanto para a mãe como para o bebê.

4-  A doença é o motivo para o adiantamento do parto?

O parto deverá ser considerado assim que a viabilidade fetal for alcançada, com menor morbidade neonatal esperada. Em relação ao tipo de parto, alguns tumores podem estimular a preferência pela cesárea, como ocorre em certos casos de câncer de colo de útero, a fim de se evitar liberação de células tumorais, lacerações ou hemorragias. O quimioterápico deve ser suspenso em torno de três a quatro semanas antes do parto, para evitar que a mãe e o feto estejam com baixa imunidade, risco de infecções e/ou com plaquetas baixas e risco de sangramento no momento do parto, o que aumenta as chances de complicações materno-fetais. É importante lembrar que deve evitar a amamentação, visto que vários quimioterápicos foram encontrados no leite materno.

*CPO

Fundado há mais de três décadas pelos oncologistas clínicos Sergio Simon e Rene Gansl, o Centro Paulista de Oncologia CPO – Grupo Oncoclínicas, oferece cuidado integral e individualizado ao paciente oncológico. Com um corpo clínico com mais de 50 oncologistas e hematologistas e uma capacitada equipe multiprofissional com psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, enfermeiros e reflexologistas. Oferece consultas médicas oncológicas e hematológicas, aplicação ambulatorial de quimioterápicos, imunobiológicos e medicamentos de suporte, assistência multidisciplinar ambulatorial, além de um serviço de apoio telefônico aos pacientes 24 horas por dia e acompanhamento médico durante internações hospitalares.

Grupo Oncoclínicas

Fundado em 2010, é o maior grupo especializado no tratamento do câncer na América Latina. Possui atuação em oncologia, radioterapia e hematologia em 10 estados brasileiros. Atualmente, conta com mais de 43 unidades entre clínicas e parcerias hospitalares, que oferecem tratamento individualizado, baseado na melhor prática clínica.




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