Papo de Mãe

Quais lições os pais vão levar dessa pandemia?

Roberta Manreza Publicado em 08/08/2020, às 00h00 - Atualizado em 09/08/2020, às 15h39

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8 de agosto de 2020




Por Cláudio Henrique dos Santos, jornalista, escritor e palestrante 

Ao mesmo tempo em que a pandemia apresentou novos desafios econômicos e sociais, o isolamento social e o trabalho remoto acabaram levando os homens mais para perto de um território que muitos ainda consideravam  quase exclusivamente feminino: o cuidado com os filhos. Não são raros os relatos nas redes sociais de pais que passaram a conhecer o que os filhos gostam de comer, dedicar tempo para fazerem juntos os deveres de casa, alguns até começaram a cozinhar para eles.

Graças às novas rotinas que foram incorporadas ao cotidiano, a ideia daquele pai que deve ser a autoridade máxima da casa, responsável pelo sustento da família e ocupado demais para participar do cuidado dos filhos, aos poucos vai dando lugar a uma figura paterna mais humana e vulnerável, mais participativa e afetiva. Muitos que se jogaram de cara, seja por opção ou por obrigação, estão curtindo a experiência, apesar de um certo estranhamento para os mais resistentes.  

As descobertas vão desde aprender a dar banho no bebê de colo e se preocupar com a cor do cocô na fralda até saber que música os filhos mais velhos ouvem ou quem é o “crush” da escola. E se a mãe está por perto, mas trancada o dia todo no quarto emendando uma reunião atrás da outra, o Google e o Youtube têm sido uma fonte inesgotável de pesquisa, com ensinamentos que vão desde a receita mais básica para o almoço dos pequenos até como lidar com a rebeldia do filho que não quer tomar banho.  

Estudos internacionais mostram que a paternidade ativa traz como benefícios para as crianças um maior nível da autoestima e do bem estar psicológico. No caso dos meninos, existe a maior probabilidade de tornarem-se pais mais afetivos e engajados com seus filhos. Também não são poucos os relatos de homens que percebem uma melhora no relacionamento com suas parceiras. Ou seja: todos ganham com isso.

Dentre tantas coisas que precisam mudar na sociedade, a divisão mais igual das tarefas da casa, e, naturalmente, do cuidado com os filhos, é uma delas. Obviamente, ainda há muitos “coronamachos” que não embarcaram nessa ideia. Infelizmente, boa parte das mulheres queixam-se da sobrecarga, que aumentou com o fenômeno da vida privada e profissional acabaremmisturando-se em casa. Resta a esperança de que os homens que abraçaram essa jornada incorporem os novos hábitos para quando a pandemia passar.  



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