Os hospitais brasileiros registram uma vasectomia a cada 15 minutos. A cirurgia é realizada em pacientes do sexo masculino para evitar que eles possam ter filhos. É um procedimento previsto na lei do planejamento familiar para ajudar no controle da natalidade.
Roberta Manreza Publicado em 03/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h59
3 de agosto de 2018
Por Dr. Alfonso Massaguer*, especialista em reprodução humana
Especialista em reprodução humana esclarece uma dúvida comum entre homens que fizeram o procedimento e decidiram voltar atrás
Os hospitais brasileiros registram uma vasectomia a cada 15 minutos. A cirurgia é realizada em pacientes do sexo masculino para evitar que eles possam ter filhos. É um procedimento previsto na lei do planejamento familiar para ajudar no controle da natalidade. O problema é que a dinâmica das relações conjugais no Brasil faz com que haja muitos casos de homens que desejam reverter o procedimento, principalmente entre aqueles que iniciaram uma nova relação e desejam ter filhos com a nova parceira.Assim como a laqueadura, que impede que mulheres engravidem, a vasectomia previne que o homem tenha novos filhos, em função de uma intervenção em que o ducto deferente é ligado e seccionado. Trata-se do local no corpo masculino por onde os espermatozoides vão do testículo para a vagina, durante a ejaculação. Praticamente não se altera a quantidade de espermatozoides produzidos. Porém, estes não são mais liberados após o procedimento.Após a realização do procedimento é necessário saber que uma gravidez só será possível caso haja reversão da vasectomia ou se o casal recorrer a métodos alternativos para ter o tão esperado filho. O Dr. Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e diretor responsável pela clínica Mãe, explica como é possível que uma pessoa vasectomizada volte a ter filhos. “Em caso de vasectomia há duas opções. Ou se tenta reverter o canal que foi cortado e amarrado, corrigindo essa vasectomia através de uma cirurgia e aí buscando uma gravidez natural. Ou se faz uma fertilização in vitro. Por meio de uma agulha, uma mínima cirurgia, o médico tenta tirar o sêmen direto da bolsa escrotal”, informa o ginecologista. Segundo ele, em laboratório esse sêmen é injetado num óvulo para tentar desenvolver a gestação, e a decisão entre um e outro procedimento depende do tempo em que o homem foi vasectomizado e se a mulher tem uma trompa e óvulo saudáveis.Ainda existem homens que não fizeram vasectomia e mesmo assim tem problemas com infertilidade. De acordo com o Dr. Alfonso, a infertilidade masculina é um problema que afeta milhões de homens ao redor do mundo e esse tipo de distúrbio representa quase 50% dos casos de casais que tem dificuldades em ter filhos. “Graças aos avanços da medicina, hoje existem vários tratamentos para homens que sofrem de infertilidade masculina”, acrescenta o médico. O ginecologista informa os fatores que podem gerar a infertilidade:De pré-disposição genética, até hábitos nocivos, várias coisas podem gerar esse problema. Entre os mais comuns estão:
Dificuldade nas relações sexuais;
Tabagismo e alcoolismo;
DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis);
Trauma testicular;
Uso de drogas;
Baixa produção de espermatozoides;
Alteração na produção de sêmen entre outros.
Ainda existem outros fatores que podem influenciar na infertilidade masculina. Segundo o obstetra, a melhor maneira de evitar esse problema é prevenindo e consultando o médico regularmente. “Muitos homens acabam sofrendo por anos com a infertilidade masculina pois tem receio de consultar um especialista. Entretanto, quanto antes o diagnóstico ser feito, mais chances de tratamento o paciente tem”, alerta o Dr. Alfonso. *Dr. Alfonso Araújo Massaguer – CRM 97.335 – www.mae.med.brÉ Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e Especialista em Reprodução Humana pelo Instituto Universitário Dexeus – Barcelona. Dr. Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. É professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU e membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da Clínica Engravida e autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina.