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Frustração no trabalho e na carreira: como lidar com ela

11 dicas para lidar com a frustração.

Roberta Manreza Publicado em 20/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h32

Imagem Frustração no trabalho e na carreira: como lidar com ela
20 de agosto de 2018


Por Luciano Salamacha, professor de MBA da FGV e especialista em neurociência

11 dicas para lidar com a frustração

Frustração, do latim, frustrari que significa enganar, fazer errar.

Na psicologia, frustração é uma sensação de ter se enganado que podia conseguir algo que não conseguiu. Uma dor em ter recebido um não ao objeto desejado.

Na filosofia, a frustração é um esforço tido em vão, surgido de um não autoconhecimento.

No mundo corporativo, frustração é um sentimento que se exposto pode ser interpretado como fraqueza, imaturidade e não é nada bom para a imagem de um profissional. Mas como lidar com a frustração?

O professor de MBA da FGV e especialista em neurociência, Luciano Salamacha, explica que a frustração é um sentimento decorrente da autocrítica que cobra de si mesmo uma alta performance, um grau de perfeccionismo muito grande e que, tira da pessoa, o foco de enxergar as coisas boas que também lhe acontecem.

A pessoa que se frustra é muito exigente com a vida.

“Tudo que nos acontece é resultado de variáveis internas e externas, achar que comandamos todas essas mudanças é nos colocar no papel de Deus, seja ele qual for. A crença que temos o comando de toda a situação, é o principal combustível pra nos frustrar.“

Mas não criar expectativas é o caminho para evitar a frustração?

O professor responde que jamais devemos de deixar de cultivar a expectativa para coisas boas e que sequências pequenas de prazer fazem uma pessoa feliz. Quando o ser humano cria uma expectativa positiva, seu cérebro automaticamente recebe uma descarga de hormônios ligados ao prazer e bem estar, e contribui para elevar a autoestima e a sensação de ser capaz e competente. Segundo o professor, otimismo ajuda a sermos pessoas melhores e aconselha “ Utilize a expectativa para gerar energia”.

E quando a pessoa não quer se frustrar, mas esse sentimento é mais forte que ela?

A grande virada de jogo, segundo Salamacha é quanto tempo uma pessoa vai destinar para cultivar esse sentimento, já que a frustração não contem princípios racionais. Para o pesquisador em neurociência, voltado ao mundo corporativo, “o sentimento da frustração até tenta buscar argumentos racionais pra se alimentar, principalmente quando a gente busca uma resposta racional para o fato frustrado. Mas para combater um sentimento ruim, a racionalidade tem pouca ou nenhuma força. O melhor mesmo é substituir por outrasensação de natureza positiva”.

A grande sacada é parar de reclamar quando algo não tem solução. A promoção não saiu? Parta para coisas novas, objetivos e estratégias inéditas para conseguir, ou até um emprego novo, mas não alimente um sentimento ruim, nem deixe que a frustração limite seus sonhos e objetivos.

O professor diz que as pessoas perdem muito tempo nas empresas se lamentando e indica “ Pare de chorar aquilo que não conseguiu e estimule mais dopamina em sua mente com objetivos novos. Vire a página.”

E explica utilizando uma metáfora: imagine que a frustração é uma espécie de incêndio e que você tem dois baldes ao seu lado para tentar apagá-lo. “Algumas pessoas erram o balde e em vez de pegar aquele que contem água pra apagar esse fogo, pegam o que está com gasolina, aumentando o problema e se tornando refém de si mesmo.

Segundo o professor o balde de água fria na frustração é jogar um outro objetivo na frente que gere esperança para a busca do que se pretende.

Esse é um fenômeno observado com intensidade nos jovens profissionais de hoje. Pequenas situações são transformadas em grandes problemas. É o que se chama atualmente de geração “mi-mi-mi”.

Muito se fala nessa atual geração que sabe comandar a tecnologia cada vez mais avançada, mas não sabe lidar com frustrações. Acreditam que o trabalho é uma extensão de casa e frustram quando o chefe não age com ele, como o pai ou mãe. Passaram uma vida sem se submeter a restrições ou ouvir “nãos” e quando isso acontece, frustram profundamente a ponto de largar tudo, sem insistir, sem planejar uma carreira de altos e baixos e aceitá-los.

11 DICAS DO PROFESSOR SALAMACHA PARA DOMAR A FRUSTRAÇÃO :

* Quebre a rotina. A tendência de perdermos a paixão quando fazemos algo repetidamente. Inove o tempo todo, ainda que em pequenas coisas, para se sentir bem.

* Não se agarre a coisas ruins. Estará gastando energia que poderia ser usada para coisas boas, como, novos objetivos.

* Pare de querer tudo certo o tempo todo. A vida real não é assim. Para todas as pessoas há coisas ruins e boas, erros e acertos.

* Aprenda a lidar com os erros. A frustração é produto do seu julgamento, é um processo interno e não externo. Quanto mais agressivo você for consigo mesmo, maior será a decepção. Seja mais suave.

* Eleja estimulantes naturais para o seu cérebro que pode ser desde assistir a um filme, escutar músicas, caminhar, ler um livro inspirador ou ensaios sobre histórias pessoais de superação.

* Troque a frase “que pena que não deu, para no futuro dará”.

* Ocupe o espaço da frustração com sentimentos melhores como a solidariedade.

* Se estiver deprimindo, não seja super herói e grite por socorro. A frustração e a depressão são coisas diferentes. O primeiro é temporário e de natureza psicológica, enquanto a depressão é uma doença que precisa ser tratada.

* Crie novos hábitos. O ser humano é feito de hábitos e, as vezes, temos o mau costume de cultivar a frustração. Se frustrar e se regenerar rapidamente é uma questão de exercício. Aprenda a desenvolvê-lo.

* Fique com pessoas que te impulsionam e não que te deixem para baixo .

* Coloque um gatilho mental de agradecimento, mesmo que algo tenha dado errado. Porque errar é aprender e temos que ser gratos quando tiramos aprendizagem de qualquer situação.

Apesar de ser um sentimento decorrente de situações de fracasso, a frustração é importante para a constituição psicológica dos indivíduos, principalmente no desenvolvimento infantil. Então, o que nos difere é saber lidar com ela, diz o professor Luciano Salamacha, afinal a vida é feita de imperfeições e, por isso, seja tão desafiadora.



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