Papo de Mãe

Mitos e verdades sobre dor de ouvido 

Colocar uma gotinha de azeite morno no ouvido faz melhorar a dor? Tudo bem compartilhar fones de ouvido? Mitos e verdades sobre dor de ouvido.

Roberta Manreza Publicado em 18/07/2019, às 00h00

Imagem Mitos e verdades sobre dor de ouvido 
18 de julho de 2019


Por Dra. Jeanne Oiticica*, otorrinolaringologista

Colocar uma gotinha de azeite morno no ouvido faz melhorar a dor? Tudo bem compartilhar fones de ouvido? Para esclarecer os mitos e verdades que rondam o tema, a Dra. Jeanne Oiticica, especialista em Otorrinolaringologia e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, responde às principais perguntas. Confira:

Dor de ouvido não tem relação com gripe.

Mito – tem relação sim, pois as secreções geradas por gripes, resfriados e sinusite podem migrar para o canal auditivo. As inflamações das vias aéreas também podem bloquear a própria secreção que o ouvido produz. Isso complica com a proliferação de bactérias e vírus, causando a otite.

Andar de carro com o vidro aberto e tomar vento no ouvido dá dor de ouvido.

Verdade – porque o frio diminui a temperatura da pele, favorece a contração dos músculos em torno do canal do ouvido e deixa a pele mais sensível. Não é otite, mas dor no canal auditivo. Algumas dicas são: agasalhar-se, usar gorro e não sair com o cabelo molhado.

Deve-se limpar os ouvidos com hastes flexíveis.

Mito – As hastes flexíveis de algodão só devem ser usadas nas dobras das orelhas, e NUNCA podem ser introduzidas no canal do ouvido, já que podem criar fissuras na pele e favorecer a entrada e proliferação de bactérias.

Vinagre ajuda a proteger o ouvido.

Verdade – pingar uma gotinha de vinagre no ouvido ajuda a secar o canal do ouvido, o que pode ser feito, por exemplo, após exposição excessiva à água. Ou seja, após entrar no mar, na piscina, lagos e rios. Basta pegar um pedacinho de algodão, embebê-lo no vinagre e pingar uma gotinha no ouvido. O vinagre tem ação desidratante, portanto faz a água evaporar, assim como o álcool. Outra dica é passar o secador de cabelo no ouvido em uma temperatura que não queime a pele.

Compartilhar fones de ouvido não causa infecção.

Mito – Causa sim, porque pode-se contrair a bactéria do ouvido da outra pessoa. É importante também prestar atenção ao volume, que nunca deve ser muito alto, para evitar danos auditivos/surdez. A dica é deixar o fone no volume que a pessoa ao lado não escute a sua música.

A dor de ouvido tem relação com a saúde bucal.

Verdade – O nervo da pele do ouvido passa pela garganta, são interligados. Uma gengivite ou amigdalite pode dar dor de ouvido ou disfunção na articulação temporomandibular (ATM).

Azeite ajuda a amenizar a dor de ouvido.

Verdade – Mas precisa ser morno. Tem o mesmo papel do pano aquecido, isso porque o calor aumenta o fluxo sanguíneo para a região inflamada/infeccionada e libera anticorpos e proteínas de defesa. Molhe um pedacinho de algodão no azeite morno e pingue uma gotinha no ouvido. Mas isso serve apenas para aliviar a dor. É preciso procurar o especialista para fazer o tratamento correto.

“Se a dor de ouvido surgir e você estiver longe de uma assistência médica, use dipirona, paracetamol ou ibuprofeno para aliviar os sintomas até chegar ao médico, mas em seguida procure o especialista para saber o que está causando a dor e, nunca deixe de fazer o tratamento adequado para evitar complicações maiores”, indica Dra. Jeanne.

Perfil Dra. Jeanne Oiticica

Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.

Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Responsável pelo Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.



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