A paixão das crianças pelos bichos

Roberta Manreza Publicado em 15/05/2015, às 00h00 - Atualizado em 16/07/2015, às 08h22

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15 de maio de 2015


Roberta Manreza*

Ter ou não ter um animal de estimação em casa? Eu sempre fui a favor, por isso mesmo a minha filha Juliana, de 12 anos, não precisou insistir muito para comprar a sua primeira cachorra. Na época, ela tinha cinco anos. Logo em seguida, veio a segunda cadela, e algum tempo depois o peixinho.

Juju e  sua primeira cachorrinha

Eu sou uma defensora das crianças terem bichos, sim! Acho que essa relação é muito positiva. Só vejo coisas boas. Não só do ponto de vista emocional dos pequenos, mas também com tudo o que eles aprendem quando ganham um animalzinho.

Sempre gostei de gato, cachorro, periquito e papagaio. Meus pais também. Sei que esse amor a gente aprende em casa. Conheço várias pessoas que não gostam, têm medo, e seus filhos têm pânico. Tive sorte então. Em casa, sempre tivemos cachorros. Foram quatro ao total na minha infância. E meus avós paternos moravam em uma fazenda. Imagina uma criança feliz! Nas férias, eu vivia rodeada de galinhas, galinhas d‘angola, porcos, cavalos, bois e vacas. Uma bicharada sem fim, uma delícia poder crescer assim.

Já a Juju parece que tem esse amor pelos animais multiplicado por um milhão! Em casa, apesar de termos duas cachorras e um peixe, a briga por mais animais é frequente. Achei que essa história fosse melhorar e até passar com o tempo. Mesmo já quase uma adolescente, ela ainda tenta transformar a casa em um zoológico.

“Mãe, posso comprar um coelho?” Indaga a Juliana.

“Não! Quase não sobra tempo para você dar atenção para as suas duas cachorras! E ainda tem o peixe. De jeito nenhum. Coitado do coelho, vai ficar abandonado, você não vai ter como cuidar.” Meu argumento quase que diário.

“Então um hamster?” Ela nunca desiste e vai mudando o bicho como se isso fizesse diferença.

“Não!!” Eu de novo.

“Um porquinho-da-índia?” Juliana tenta mais uma vez.

“Chega! Eu já disse que não”. Termino o assunto.

O máximo que ela ganhou foi um pintinho no sítio da tia Mariana para chamar de seu. Como combinado, terminadas as férias, o pintinho ficou e ela foi embora sem reclamar.

Agora com o pintinho

E para mim não é não. Como em inúmeras outras questões, a Juliana precisa de limites. Somos responsáveis pelos animaizinhos que pegamos para criar. E é triste a quantidade deles que acaba abandonada. A Juliana quase não dá conta dos estudos e das atividades extras que já tem. As horas livres para brincar são poucas e ela ainda se programa para passear com a Bela, a nossa Golden Retriever, que tem bastante energia para gastar. Já a Tinker Bell, a mini maltês, se contenta com os carinhos. Ela odeia sair na rua.

A Juju já entendeu que um bichinho exige muitos cuidados e atenção. Fora as despesas. Cada família sabe a quantidade que pode e consegue dar conta. Nós já chegamos no nosso limite. Pelo menos eu e o Sandro, meu marido, concordamos com isso. E quando eu acho que a Juliana já desistiu da ideia, ela muda a estratégia.

“Vó, você me dá um coelho de Páscoa?” Juliana pergunta para a minha mãe e depois para a minha sogra.

“Sua mãe não vai gostar, acho melhor não”. As duas respondem que não. Já sabem da minha posição.

“Então um hamster de aniversário? Um porquinho-da-índia de Natal?…”

Até quando???

Juju com um filhote que ela quis adotar. Quis…

*Roberta Manreza é mãe, jornalista,  apresentadora do Programa Papo de Mãe e colunista do Portal Papo de Mãe.




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