A queda capilar em crianças e adolescentes

Roberta Manreza Publicado em 04/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h42

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4 de setembro de 2020


Por Dr. Ademir C. Leite Jr.*, médico tricologista e diretor da Academia Brasileira de Tricologia

Das emoções a questões hormonais, Dr Ademir, tricologista e professor da área aponta causas e aborda tipos de tratamentos

A queda de cabelos ou alopecia em adultos é um assunto bastante explorado. Basta uma pesquisa rápida ou citar o tema em uma roda de conversa que os casos são contados como uma situação corriqueira. Diferentemente do que acontece com a perda de cabelos em crianças e adolescentes. Esses episódios costumam causar até certa polêmica e estresse em toda a família.

Fato é que os casos de queda de cabelo em crianças e adolescentes até seus 14 anos podem apresentar peculiaridades não tão evidentes em causas quando comparados com casos em mulheres e homens adultos. Em minhas pesquisas e atendimentos em consultório percebo a ligação com ansiedade, cobranças e estresse com a perda de cabelos nessas faixas etárias.

Todas as fases da vida merecem atenção, mas é notório que uma certa imaturidade biológica que entendemos estar também nos tecidos cutâneos e capilares das crianças e adolescentes precisam ser consideradas na associação de casos de alopecias do tipo areata e eflúvios causadas por estresse e alguns problemas de saúde como infecções, respectivamente. Isso para citar apenas dois exemplos.

Problemas como a tricotilomania (mania de arrancar os cabelos) quando acomete crianças é capaz de desestabilizar toda os moradores da casa, isso pelo estigma da mutilação, popularmente difundido, assim como a causa mais comum, a ansiedade. Falando em família, esta deve se envolver em prol do cumprimento das orientações do tricologista, médico ou terapeuta capilar para que os tratamentos tenham sucesso. Para os casos onde o stress, ansiedade e outros traumas e questões comportamentais tenham ligação direta com o problema, é imprescindível que a família esteja em sinergia para estabelecer o bem-estar geral, isso é positivo para toda a estrutura familiar.

Outro ponto sempre abordado com meus alunos nos cursos de tricologia e terapia capilar é o uso de químicas de transformação ou produtos destinados para adultos e que por falta de conhecimento ou descrença sobre o impacto da formulação na pele e cabelos das crianças, acabam sendo aplicados indiscriminadamente. Até para casos mais graves de perda de fios ou lesões no couro cabeludo cabe uma análise, para alguns, as terapias capilares surtem efeito, embora nem todas realizadas em adultos possam ser replicadas nesse público.

A esse ponto você pode estar se perguntando, mas, e as causas genéticas? Crianças e adolescente não perdem cabelos por esses problemas?

Há registros sim e hábitos podem antecipar o surgimento da calvice. Isso só não é mais surpreendente quanto o aumento de manifestações de alopecia androgenética e calvície em meninas a partir dos 11 e meninos após os 13 anos. Algo que está vinculado com a adrenarca e pubarca, quando hormônios esteróides que atuam na pele passam a interferir no comportamento das raízes capilares. Esses hormônios que estimulam o crescimento dos fios podem causar atrofia deles, tendo como consequência a alopecia androgenética.

Se tem um alerta que gostaria de passar é que quando problemas como esses aparecem e são diagnosticados, convém que tanto o paciente, dentro da sua capacidade de entendimento, quanto a família valorizem as abordagens que, para muitos, é multidisciplinar. Psicólogos, nutrólogos, nutricionistas, endocrinologistas, tricologista, esteticista e terapeutas capilares são alguns profissionais que podem ser envolvidos no tratamento. No suporte emocional pode se encontrar a motivação para a criança ou adolescente seguir confiante o tratamento.

*Dr. Ademir C. Leite Jr. (CRM 92.693) é médico tricologista e diretor da Academia Brasileira de Tricologia. É certificado como Tricologista pela Internacional Association of Trichologists (IAT). Membro e diretor da IAT. Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, e da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Associação Paulista de Medicina Psicossomática. Professor do curso de Pós-Graduação da Universidade Anhembi Morumbi e Faculdades Oswaldo Cruz – SP/SP. Autor dos Livros: “Como Vencer a Queda Capilar”, publicado em 2012 pela CAECI Editorial, “Socorro, Estou ficando careca”, publicado pela Editora MG em 2005, “Tem alguma coisa errada comigo – Como entender, diagnosticar e tratar a Síndrome dos ovários Policísticos”, publicado pela Editora MG em 2004 e “É outono para meus cabelos – Histórias de mulheres que enfrentam a queda capilar” – Editado pela Editora Summus.

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