Após leucemia, Clarinha faz campanha para doação de cabelos

Depois de 6 meses sem ir à escola, volta às aulas conta com um pedido especial: “quero ir com as unhas bonitas no primeiro dia de aula, já que ainda não posso arrumar o cabelo”.

Roberta Manreza Publicado em 05/02/2019, às 00h00 - Atualizado às 10h47

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5 de fevereiro de 2019


Por Sabará Hospital Infantil

Depois de 6 meses sem ir à escola, volta às aulas conta com um pedido especial:

quero ir com as unhas bonitas no primeiro dia de aula, já que ainda não posso arrumar o cabelo”

Como quase toda criança, Clara, de 10 anos, voltou às aulas esta semana. Mas, para ela, esse retorno teve um gostinho especial: foram 6 meses sem frequentar a escola. No último semestre, Clara passou por um longo período de internação no Sabará Hospital Infantil, ao descobrir uma leucemia.

Tudo começou em julho de 2018. Clara ficava cansada no fim do dia, o que parecia normal após dias de muita brincadeira durante as férias escolares. Até que um dia acordou com dor no peito e não conseguia nem por o pé no chão. A família correu para um hospital próximo e viu a menina piorar de hora em hora. Ela teve uma hemorragia no pulmão, as plaquetas estavam baixas, havia várias possibilidades de diagnóstico. Por recomendação de um amigo, a família pediu transferência para o Sabará. Clarinha foi de uma UTI a outra. “Ela entrou aqui de ambulância, mas vai sair andando pela porta da frente”, disse a médica plantonista na chegada.

Com os exames de sangue realizados, no dia seguinte a família ficou sabendo a notícia: Clara tinha leucemia. “Em uma semana a gente teve uma reviravolta em nossas vidas”, conta a mãe Claudia. Para o pai, foi um baque. Para a mãe, a certeza de que a menina ia se recuperar e a força necessária para segurar as pontas.

“Isso é um castigo?”, perguntava Clarinha para a mãe. “Não, mas tem algum motivo para você estar aqui”, respondia Claudia. E transformaram o limão em limonada, resolvendo ajudar outras crianças doentes. Criaram uma meta entre elas de atingir 100 doadores de sangue por meio de uma campanha nas redes sociais. Quando atingiram a meta, foi uma festa. E, ao final, alcançaram mais de 300 doadores. Segundo o banco de sangue responsável, havia doação suficiente para a própria Clarinha e para ajudar outras crianças internadas no Sabará durante um mês!

Nos 40 dias em que ficou na UTI, Clarinha passou por momentos tristes e alegres. Perder o cabelo foi difícil para a menina, que é supervaidosa. Ela logo pediu uma peruca à mãe. Mais difícil ainda foi quando ela precisou ser intubada. Clarinha não podia falar, mas se comunicava escrevendo num caderninho. Foi por meio dele que pediu um suco. “Habitualmente não se toma nada por boca nessas condições. Mas como negar um suco a ela? A gente gosta de deixar os pacientes felizes”, conta a médica da UTI Dra. Regina Grigolli, que liberava 10ml de suco por dia. E era uma alegria só! A Dra. Regina, assim como outros membros da equipe, se afeiçoaram tanto a Clarinha que mantém contato até hoje.

De maneira geral, Clarinha estava confortável no hospital, se sentindo em casa com as equipes de humanização. “Parecia que tinha só mudado de quarto: do quarto de casa para o quarto do hospital”, lembra a mãe. O que fazia falta mesmo era o irmão Caio, de 12 anos, de quem Clarinha tinha saudades. Mas ele foi visitá-la e sempre tinha uma palavra de apoio: “vai ficar tudo bem!”, dizia.

Depois da alta

Clara se preocupava com a falta de cabelo e o que os amigos iam pensar. A família chamou um amigo de cada vez para brincar com ela em casa e percebeu, surpresa, que as crianças nem ligavam para isso. “Ninguém pergunta nada, é muito natural para eles”, conta a mãe.

Claudia entrou em contato com a ONG Cabelegria, que produz perucas a partir da doação de cabelos, para pedir uma peruca. Clarinha, então, acabou participando de uma campanha onde conta a sua história e, assim, estimula a doação de cabelos.

Agora está na fase de manutenção do tratamento, que vai até o fim do ano. Faz a quimioterapia a cada 15 dias. O mielograma teve um resultado bom e a medula está “limpinha”, conta a mãe.

Às vésperas de voltar às aulas, Clara pediu para a mãe chamar uma manicure para ir com as unhas bonitas no primeiro dia de aula, já que não pode arrumar o cabelo. “Nossa, tem que ver como ela está animada para ir à escola”, conta a mãe.

Assista o vídeo da campanha de Clarinha para a ONG Cabelegria:

https://www.youtube.com/watch?v=PlhjVLskkAs

Sobre Sabará Hospital Infantil

O Sabará é uma instituição sem fins lucrativos e braço assistencial da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, da qual faz parte também o Instituto PENSI, focado na realização de pesquisas e no ensino e treinamento de profissionais da saúde infantil.  É um dos maiores e mais respeitados centros de atendimento pediátricos do Brasil, reconhecido pelo excelente atendimento ao paciente e pelo pioneirismo nesta área, desde sua inauguração em 1962.

Instalado em um moderno edifício de 17 andares na Avenida Angélica, em São Paulo, opera segundo o conceito de “Children’s Hospital”. Este modelo assistencial conta com a retaguarda em todas as especialidades pediátricas e atua com equipe multiprofissional integrada e de alta capacidade resolutiva na atenção à criança.

Em 2013 o Hospital recebeu seu primeiro selo de acreditação pela Joint Commission International, principal agência reguladora de instituições de saúde no mundo. Em 2016 o Sabará foi reacreditado, reforçando seu compromisso com a qualidade e com a prestação de cuidados de saúde segura e eficaz.