Arraial sem contaminação com Dr. Bactéria

Arrasta-pé, quadrilha, fogueira. Canjica, bolo de fubá, pamonha. Arraial que é bom vira a noite e tem barraca de alimentos saudáveis e bem conservados.

Roberta Manreza Publicado em 15/06/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h06

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15 de junho de 2018


Por Roberto Martins Figueiredo, Dr. Bactéria

Arrasta-pé, quadrilha, fogueira. Canjica, bolo de fubá, pamonha. Arraial que é bom vira a noite e tem barraca de alimentos saudáveis e bem conservados

Embora nem sempre se possam reconhecer guloseimas estragadas só pela aparência ou pelo gosto, é preciso não ceder à tentação da maçã do amor ou da paçoca de amendoim de olhos fechados. Em cada barraca, algumas regras básicas devem guiar o consumo, o preparo e o armazenamento dos quitutes. Caso contrário, os riscos de contaminação são grandes e as conseqüências muitas vezes graves – nem santo ajuda!

“Os organizadores do arraial devem lembrar que bolos e doces à base de creme de ovos e chocolate podem se deteriorar rapidamente. Por isso, não devem ser mantidos em temperatura ambiente. A canjica, por exemplo, deve ser servida bem quente; caso contrário, a menos de 60° C, será contaminada por bactérias. Portanto, se não estiver na temperatura recomendada, não tenha vergonha: peça para que a coloquem no fogo de novo antes de servir”, diz o biomético Roberto Martins Figueiredo, o dr. Bactéria.

O mesmo não acontece com os bolos secos, como o de fubá, a pipoca e o quentão –  eles dificilmente causam problemas à saúde.

– Na barraca de cachorro quente e salsichão, o perigo ronda com a Listeria monocytogenes, bactéria que pode causar diarréia, cólicas intestinais e aborto até 12 horas após a ingestão. Para evitar atropelos, evite consumir o produto in natura, cru, ou com maionese caseira.

– Verifique se os responsáveis pela barraca a mantêm refrigerada (a menos de 5ºC ou congelada) até a hora de colocá-la em água fervente, onde deve permanecer totalmente submersa. E bom apetite!

– Churrasquinho bom é aquele livre de Escherichia coli 0157:h7, microorganismo que se torna ativo no corpo humano, provocando diarréias e cólicas entre outras complicações terríveis, quando se consome a carne mal passada ou quando foi mal refrigerada.

– Prefira o alimento preparado na hora, sob seus olhos, e peça-o bem passado.

– Outro foco de contaminação é o prato de farofa onde quem compra espetinho molha a carne e a leva à boca e mergulha de novo no prato e morde mais um pedaço. No fim, essa farinha está cheia de saliva e vira um caldo de reprodução de bactérias. Para evitar isso, adote o hábito de só passar a carne uma vez no prato de farinha ou peça para que ela seja acondicionada em um recipiente parecido com o de mostarda ou catchup, mas com bico mais largo, para que, ao passar de mão em mão, seja salpicada individualmente.

– Quanto ao milho cozido, saiba que ele só pode ser consumido sem o perigo de contaminação pelo Bacillus cereus se for mantido em água quente, isto é, a mais de 60° C, e conservado em caixa térmica. Em qualquer hipótese, lembre-se de não comprar espiga que esteja em temperatura ambiente ou fora da água quente há mais de duas horas. A mesma bactéria pode se instalar no pinhão, provocando desordem intestinal, se ele for mantido também em temperatura inferior a 60° C por mais de duas horas. Armazená-lo na geladeira em grandes porções ou reaquecê-lo inadequadamente também não é uma boa idéia. Para evitar problemas, ele precisa ser refrigerado em pequena quantidade, inicialmente descoberto, e, antes de ser servido, deve ir para a água fervente a pelo menos 80° C.

– Pé-de-moleque e paçoca de amendoim – quem diria? – podem ser verdadeiro veneno. A utilização de amendoim embolorado na confecção dos quitutes pode ser muito prejudicial à saúde e traz até mesmo risco de câncer hepático. Por isso, desconfie do que está levando à boca. O mesmo acontece com a maçã do amor: se ao morder você observar bolor na parte interna, jogue fora.