Desembrulhando a medicina e a maternidade para fora da caixa

A médica Tanit Ganz Sanchez fala sobre medicina e a maternidade

Tanit Ganz Sanchez* Publicado em 06/01/2022, às 09h37

Medicina: profissão com missão -

Nesse começo de ano quero liberar o coração para falar de um modo diferente do habitual. Afinal, maternidade é um exercício de superação exponencial e vocês, como mães, me compreenderão.

Como mãe e médica (e não como poetisa), vou arriscar uns versos imperfeitos para suavizar a dor e a dificuldade de sair de dentro da caixa. Mas isso foi o melhor que eu poderia ter feito.

Quem sabe alguém se identifica?

Sou médica desde os 5 anos, idade em que a gente sonha muito, mas eu também fantasiava acordada que ajudava a salvar o mundo.

Tive que esperar até os 17 para entrar na Faculdade de Medicina. Nem sei quem fez mais festa: meus pais ou minha alma, que por isso pedia.

Aprendi de tudo um pouco

das várias partes do corpo,

principalmente a medicar.

Colesterol, dor, diabetes ou pressão?

Medicamentos eram a solução.

Mas algo dentro de mim ansiava por outro algo;

eu só não sabia o quê.

Durante esses 6 anos de Faculdade,

fui volúvel para escolher a especialidade:

Clínica Médica porque adoro raciocínio?

Psiquiatria porque adoro comportamento?

Mas para a etapa seguinte,

preferi a rapidez e a praticidade da cirurgia.

Afinal, eu tinha pressa para ajudar a salvar o mundo.

Já na Otorrinolaringologia, também aprendi a fazer de tudo.

mas aquele “algo dentro de mim” estava escolhendo o Ouvido,

especialmente um tal desconhecido, mais conhecido por zumbido.

Quantas pessoas sofrem com ele, de qualquer idade... e eu sem saber!

Mas o pior foi perceber que ninguém se importava:

“isso não tem cura, aprenda a conviver”.

Essa frustração eu juro que não aguentava.

A primeira reviravolta na minha Medicina foi tal

que precisei buscar ajuda num congresso internacional.

Já meio distante na lembrança,

mas o primeiro a me dar esperança

de voltar a sonhar em ajudar o mundo.

Fui levando na bagagem apenas o que tinha:

aquela ideia sobre a praticidade da cirurgia.

Só que ela não servia para o zumbido,

e ele era o que eu realmente queria.

Voltei repensando tudo.

Foram vários momentos de medo e indecisão,

mas se eu quisesse algo para arriscar,

traçar um caminho diferente era a direção.

Mas o medo teimava;

a timidez de sempre me freava;

ser diferente me assustava.

Até que eu mesma tive zumbido!

Fortes emoções afloraram com o medo de não ter cura.

Fiquei doente como qualquer outro paciente.

Precisei disso para de fato começar a fazer diferente.

Essa foi outra reviravolta na minha Medicina.

Nessa aula prática, eu definitivamente aprendi

que o conhecimento é basicamente um ingrediente

que necessita da liga com a empatia e a compaixão

para o médico tratar melhor toda a gama de gente.

Meu (ex) zumbido sumiu e me ensinou

que um ouvido atento e um olhar ampliado

para o corpo, a mente e o espírito

fazem da Medicina uma versão bem melhorada.

Resumindo, eu fui criada dentro da caixa,

mas a Vida me deu de presente

a oportunidade de olhar para o lado de fora.

Eu me apaixonei irreversivelmente!

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Bem, a vontade de ajudar o mundo nunca sumiu,

mas aquela pressa inicial já diminuiu.

Querer ajudar o mundo inclui querer ajudar nossos filhos

e isso requer muuuita calma!

Do mesmo jeito que a Medicina vai além do físico

e às vezes também precisa tocar a alma,

a Maternidade vai além do amor incondicional.

Mães e filhos também guardam suas dores, raivas e medos,

por isso um olhar ampliado, coração expandido e ouvido atento

podem fazer dela uma vivência fenomenal.

Se você sentir que precisa sair da caixa como eu precisei,

não deixe isso para depois!

Aproveito para desejar um Feliz 2022!

Assista ao Papo de Mãe sobre otite

*Dra. Tanit Ganz Sanchez:

Tanit Ganz Sanchez

Serviço

http://www.institutoganzsanchez.com.br/

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