''É por eles'', diz mãe de gêmeos que recebeu dose da vacina contra Covid enquanto amamentava

Giovanna Lizandra dos Santos Deckenbach não pensou duas vezes ao descobrir que na cidade dela, Mauá, lactantes, com bebês de até 1 ano, entraram para o grupo de prioridade da vacinação

Ana Beatriz Gonçalves* Publicado em 17/06/2021, às 17h56

Giovanna é mãe do Enzo e do Gael - (Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução)

Uma sensação de emoção e alívio, e não tinha como ser diferente. Giovanna Lizandra dos Santos Deckenbach, de 23 anos, recebeu a primeira dose da vacina Pfizer, imunizante contra a Covid-19, na tarde de ontem, quarta-feira (16), na UBS Jardim Mauá, na Grande São Paulo. 

O momento que é especial por si só, foi ainda mais marcante com a presença dos filhos Enzo e Gael, gêmeos de 5 meses. A vacina foi aplicada enquanto ela amamentava os pequenos. Ao Papo de Mãe, Giovanna revelou os bastidores da cena que acabou repercutindo na internet.

"Era um momento tão esperado por mim, que queria ter eles junto. Também foi por eles que tive esperança de ter uma vida melhor. Não tinha como ter deixado em casa", afirma. A lojista, que atualmente está de licença-maternidade, conta que foi uma luta para lactantes serem incluídas na lista de prioridade, e por isso, quando soube da notícia, foi correndo para o posto de saúde.

"A vacina acaba protegendo mais do que um, no meu caso protege três. Eu sempre quis desde o começo, a gente luta para conseguir a prioridade, e agora que conseguimos foi uma realização. Me sinto realizada, era uma preocupação sem fim."

Giovanna sendo vacinada enquanto amamentava os filhos gêmeos.

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A prefeitura de Mauá, Região Metropolitana de São Paulo, resolveu incluir no grupo prioritário, mulheres acima de 18 anos, com ou sem comorbidades, que estão amamentando crianças de até um ano de idade. De acordo com a secretária de Saúde, Célia Bortoletto, a decisão serve como estímulo à amamentação e também proteção para as mães.

"Existia uma certa reivindicação, como estamos acelerando a vacinação, achamos que valeria a pena incluí-las, além de ser uma maneira de garantir a presença das mães na rede pública e estabelecer um vínculo mais forte. Foi pensando nisso que a Coordenadoria de Atenção Básica fez a solicitação e atendemos", comenta.

Mãe de primeira viagem e em dose dupla, Giovanna conta que atualmente os bebês se alimentam exclusivamente de leite materno. "No dia que eu soube que ia ter aqui aonde eu moro eu nem esperei". No entanto, para ser vacinada, a mãe não precisa ter amamentação exclusiva.

Segundo Bortoletto, mães puérperas já estavam sendo vacinadas. "A grande novidade mesmo foi a extensão do período para as lactantes de até um ano", afirma. O foco da campanha é estimular a amamentação, trazendo o assunto à opinião pública. "Temos esse papel de criar pessoas que tenham esse tipo de defesa. Queremos que as mães defendam a amamentação natural", completa a secretária.

O direito à vacina

"Não imaginava que teria gêmeos, foi surpresa", conta Giovanna Lizandra

O Senado aprovou na última terça-feira (15) o projeto que determina a inclusão de gestantes, puérperas e lactantes no quadro de grupos prioritários na campanha de vacinação contra a Covid-19. A proposta altera a Lei 14.124, de 2021, que trata do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação. O PL 2.112/2021 segue agora para a Câmara dos Deputados.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), autor da emenda, destaca a prioridade às lactantes pelo incentivo à amamentação prolongada e também pelo fato delas não terem qualquer previsão de receber a vacina no futuro próximo.

Na votação simbólica, a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), comentou sobre os estudos que demonstram a transferência passiva da imunidade humoral da mãe para o bebê em diversas afecções virais. Ela também ressaltou dizendo que se trata da proteção à maternidade.

Virginia Ferreira, consultora em amamentação, revelou recentemente ao Papo de Mãe, em um artigo exclusivo, a questão da transmissão do vírus através do leito materno. Segundo ela, as novas pesquisas buscam comprovar a possibilidade de que este alimento natural fornece proteção contra o vírus, e também traz benefícios ao tratamento quando há o acometimento da criança.

"Até o momento, os estudos não detectaram infecções por coronavírus ou similares no leite materno. Também já temos documentado o poder da amamentação como proteção natural para a criança e para a mãe, justamente por ser produzido de forma personalizada com tudo o que a criança precisa no momento", escreveu a especialista.

*Ana Beatriz Gonçalves é jornalista e repórter do Papo de Mãe

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