ECA! O que realmente a criança quer dizer com essa palavra

Você sabe qual o real significado do ECA! quando seu filho fala? O que ele realmente quer expressar com essa palavra?

Roberta Manreza Publicado em 05/11/2020, às 00h00 - Atualizado em 06/11/2020, às 23h08

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5 de novembro de 2020


Por Camila Alves, nutricionista do Saúde4Kids. Colunista Papo de Mãe.

Eca: Como lidar com isso? 

ECA! Uma palavra tão pequena, mas que tira do sério qualquer pai e mãe, quando ouvem os filhos falarem. Confesso que mesmo sendo nutricionista infantil e sabendo que essa fase um dia iria aparecer, a primeira vez que meu filho disse essa palavra (no meio da pandemia) me peguei com uma mistura tão grande de sentimentos, frustação, raiva, indignação, pois a primeira coisa que me veio à cabeça é: como pode falar isso se sabemos quantas pessoas passam fome no mundo. Não é fácil escutarmos essa palavra e por muitas vezes não sabemos lidar com essa situação e por isso, escrevo aqui para vocês, que estão passando por esse desafio, e trago algumas reflexões, conselhos e orientações para essa fase.

Você sabe qual o real significado do ECA! quando seu filho fala? O que ele realmente quer expressar com essa palavra?

A fase do ECA acontece por volta dos 2-3 anos de idade, mas pode surgir em qualquer outra idade, como no caso do meu filho apareceu agora aos 4 anos e meio. É uma fase normal, que faz parte do desenvolvimento neurológico da criança, e o nojo é uma das razões para que elas rejeitem aquele alimento.

O nojo é um sentimento real e útil, é só lembrarmos daquele filme “Divertidamente”, onde é mostrado todos os sentimentos que vivem em nossa cabeça e a forma como agem. Inconscientemente, o nojo nos mantém longe de coisas que podem ser potencialmente perigosas para nossa saúde, e assim como todas as emoções, surge com grande intensidade na infância!

Muitas vezes a gente se vê dizendo: “não fale isso, é feio!” Mas quando uma criança diz ECA para algum alimento ela pode estar dizendo diversas outras coisas como eu não conheço esse alimento, estou estranhando essa textura, não gostei desse cheiro, achei esse alimento feio, e a primeira dica é: respeite as reações das crianças.

Nós precisamos ajudá-las a saberem distinguir se o alimento é mesmo nojento ou se é simplesmente algo que ela não gosta ou ainda não tem coragem de experimentar. E para isso converse com a criança assim que ela falar ECA, pergunte o que tem aquele alimento que a levou ter essa reação, vá ressignificando se aquele alimento de fato é nojento ou se ela apenas está o estranhando. E assim, aos poucos os alimentos se tornam cada dia menos nojentos e passam a ser “gosto ou não gosto”.

A rejeição de um alimento com a palavra ECA também pode ter um significado de desconfiança, de algo que a criança não consegue reconhecer ou identificar como seguro. E se os pais não conseguem entender e ter empatia com essa fase que a criança está passando podem tornar o momento da refeição ainda mais angustiante a ponto de ela generalizar essa rejeição para outros alimentos também. Por isso, ensine palavras mais respeitosas de se dizer “ainda não aprendi a comer isso”.

Oferecer variedade de alimentos, tornar o ambiente da refeição tranquilo e respeitar quando a criança não tiver interesse em comer algo que foi colocado na mesa pode ajudar e muito a lidarem com esse desafio e superá-lo.

O grande ensinamento é: ensine pelo exemplo, quanto mais as crianças verem a família comendo alimentos com os quais não se sentem à vontade, mais fácil fica um dia conseguir experimentar.

Lembrem-se sempre: as crianças não nascem sabendo comer! Comer é aprendido! E tudo bem, se ela rejeitar um ou outro alimento, a gente precisa comer variado, mas não precisamos comer absolutamente todos os alimentos que existem no mundo.

*Saúde4kids

O amor à medicina uniu as médicas: Fernanda, Rafaella e Ana. Além da vocação em servir aos pequenos, elas tinham outra certeza: precisavam ajudar as mamães. Perceberam que muitas estavam perdidas nesse caminho cheio de novidades e incertezas que é a maternidade e, na busca por informações, as mamães se perdiam ainda mais.




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