Garoto com autismo é vítima de bullying e tem 20% do corpo queimado

Roberta Manreza Publicado em 07/10/2016, às 00h00 - Atualizado às 15h31

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7 de outubro de 2016


Por Clarissa Meyer 

E a covardia do bullying faz mais uma vítima.

Kayden Culp, de 10 anos, morador da cidade de Kerrville no Texas, está internado em coma com uma grave infecção depois de ter tido 20% do corpo queimado.

De acordo com informações dadas à imprensa, Kayden, que tem traços de autismo, dificuldades de fala e audição, havia saído no último domingo (2) para andar de bicicleta como sempre fazia e foi atraído para um campo aberto onde um menino o encharcou com gasolina e outro lhe ateou fogo. Eles disseram: “vamos agarrá-lo, levá-lo para dentro e queimá-lo”, contou a tia do menino Kelly Mack, em depoimento.

Image Courtesy of The Culp Family

Em entrevista ao jornal ‘Chronicle Houston’, Trysten Hatchett, mãe do menino, afirmou que o caso aconteceu premeditadamente e que o filho era constantemente atormentado por estes garotos, mas que os considerava como amigos. “Meu filho é um menino especial. Ele é agitado e gosta de se divertir. Ele considerou esses caras seus amigos, mas eles estavam tirando sarro dele e queriam provocá-lo. Normalmente, ele é o motivo deste tipo de ‘piada’, mas ele continuou brincando com eles”.

Segundo informações da polícia, o caso segue sendo investigado.

Para dar suporte financeiro aos pais de Kayden, que têm mais 3 filhos, foi criada uma página de angariação de fundos no site YouCaring.

Bullying

Em agosto deste ano, o suicídio do jovem Daniel Fitzpatrick, de 13 anos, repercutiu na imprensa e nas redes sociais. Daniel tirou a própria vida em razão do constante bullying que sofria na escola.

Considerado um problema crônico e mundial, o bullying pode trazer consequências comportamentais, emocionais e sociais muito graves a curto e a longo prazo. As vítimas normalmente apresentam dificuldades de relacionamento, comportamentos antissociais, baixa autoestima, baixo rendimento escolar, sintomas de depressão e ansiedade. Em casos extremos, podem tentar ou cometer suicídio.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e IBGE em parceria com a Escola de Enfermagem da USP com mais de 100 mil estudantes do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas, a presença de casos de bullying nas escolas brasileiras aumentou de 5% para 7%. O levantamento apontou ainda que 20,8% dos estudantes confirmaram já ter praticado bullying e que a prática é maior entre os meninos do que entre as meninas. Quando questionados sobre os motivos, 51,2% dos estudantes não souberam especificar. Entre os que apontaram as causas, a maioria dos casos está relacionada à aparência do corpo (18,6%), seguida da aparência do rosto (16,2%), raça/cor (6,8%), orientação sexual (2,9%), religião (2,5%) e região de origem (1,7%).

No Brasil, a Lei 13.185/2015, que entrou em vigor no início deste ano, estabelece oPrograma de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). A Lei prevê, entre outras disposições, o dever de escolas, clubes e agremiações recreativas assegurarem medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying.  Embora não estabeleça sanções para o descumprimento das normas, a lei é considerada um avanço pelos especialistas. “Essa lei não tem caráter punitivo, mas de prevenção a esse tipo de violência”, explica Eli Alves da Silva, presidente da Comissão de Direito Antibullying da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), criada em novembro. “E vai ser um elemento de prevenção para a própria escola. Se ela comprovar ter um programa preventivo, vai ter condições de se isentar de responsabilidade de alguma ação de bullying dentro de suas dependências.”

O Papo de Mãe já fez um programa sobre este tema, que contou com a participação do saudoso e renomado educador Rubem Alves. Veja a seguir:

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Assista também ao Papo de Mãe sobre Autismo e ao Papo sobre Síndrome de Asperger:




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