Kotscho: Convívio familiar com os netos é mais rico

Roberta Manreza Publicado em 26/07/2016, às 00h00 - Atualizado às 08h46

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26 de julho de 2016


Entrevista com o jornalista Ricardo Kotscho e a socióloga Mara Kotscho

Ser avô é uma realização que a gente sente nos outros, nas crianças, porque acontece em uma idade em que a gente consegue compreender isto, porque quando éramos muito jovens não tínhamos essa noção, diz o vovô Ricardo Kotscho ao lado da vovó Mara. E explica: hoje é que temos essa consciência de família, de convívio, da importância que isso tem pra gente.

Avosidade

Vovô Ricardo Kotscho com o neto André: “pensar no futuro dos netos preocupa mais do que com os filhos quando eram pequenos”

Ela é socióloga e trabalha com pesquisa de mercado e opinião, ele é um dos jornalistas mais admirados e premiados do país, e juntos cinco netos de suas duas filhas: Mariana Kotscho, também jornalista, mãe de Laura, Bebel e André; e Carolina, mãe de João e Olga.

São vovó e vovô que ainda pegam no batente todo dia, mas encontram tempo pra se dedicar muito aos netos. “Eu prefiro ficar a madrugada inteira escrevendo pra poder ficar com eles durante o dia, do que ir trabalhar de dia e deixar de ficar com eles”, diz a vovó Mara. Já o vovô trabalha a maior parte do tempo em casa e consegue ter flexibilidade de horário para acompanhar uma neta entre uma escola e outra, enquanto a maioria das crianças nessas horas só tem a companhia das mães.

O vovô Ricardo atualmente é comentarista do Jornal da Record News e repórter especial da Revista Brasileiros, além de atualizar diariamente o seu blog “Balaio do Kotscho”, que mantém desde 2008, e de escrever livros sucessivamente – já publicou mais de 20.

Nos dias atuais em que os conflitos de opinião estão inflamados além do normal, o jornalista se sobressai por manter o equilíbrio e a sensatez, o que, no caso dele, não significa neutralidade. Sua carreira profissional inclui ter sido Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República nos dois primeiros anos do governo do presidente Lula.

Antes disso, trabalhou nas redações dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, das revistas Isto É, Época e, na televisão, pela TV Globo, CNT, SBT e Rede Bandeirantes. Foi também correspondente do Jornal do Brasil na Alemanha, nos final dos anos 1970, logo após ter coordenado e redigido a série de reportagens do Estadão sobre gastos, compras e hábitos de políticos no período militar, que deu à palavra “mordomia” o significado corrente desde então.

Coleciona os principais prêmios da carreira jornalística: quatro vezes o Prêmio Esso e ainda os prêmios Vladimir Herzog, Carlito Maia, Cláudio Abramo e Comunique-se, entre outros, e é um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Imprensa da ONU.

Mara é uma vovó tão participativa que fez o parto da própria neta. Isto aconteceu, é claro, por uma emergência, com a chegada antes da hora da neta caçula, com 32 semanas de gestação. Nesta entrevista, ela conta como isso aconteceu. E descreve também suas criações para melhorar o convívio, como o “neto único por um dia”.

E o vovô Ricardo faz uma recomendação especial a todos os avós: ter cuidado com o ímpeto de palpitar na educação dos netos. E também faz reflexões sobre futuro dos netos num ambiente coletivo de muita desesperança. “Da porta de casa para dentro, pelo menos, está tudo bem”, diz.

A seguir, os principais trechos da entrevista dos avós Mara e Ricardo Kotscho:

Realização

Convívio familiar com os netos é mais rico de por causa da maior disponibilidade dos avós

Avó e parteira

A neta caçula nasceu de repente e a própria avó, que estava junto, fez o parto

Neto único por um dia

Uma vez por semana, vovó Mara sai com um neto sozinho para jantar e conversar

Compensação do passado

Aproveitar o tempo com os netos como não foi possível aproveitar com os filhos

Preocupação

Pensar no futuro dos netos preocupa mais do que com os filhos quando eram pequenos

Perspectiva

Netos vão enfrentar dificuldades, mas não podem faltar a esperança e a perspectiva

Solidariedade

A dificuldade de passar para os netos o valor de agir coletivamente, de ter solidariedade

Consumismo

Como fazer com que os netos resistam ao ambiente de competição ligada ao consumismo

Interferência

Recomendação especial é ter cuidado com o ímpeto de palpitar na educação dos netos

Férias

Viajar com os netos desafia a paciência, porque eles fazem muita bagunça e barulho

Vovô e vovó com Laura e Bebel: “aproveitar o tempo com os netos como não foi possível aproveitar com os filhos”

Fotos: Adriana Elias

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