Menos eletrônicos e mais atividades lúdicas

Roberta Manreza Publicado em 06/12/2017, às 00h00 - Atualizado em 08/12/2017, às 12h44

-
6 de dezembro de 2017


 Por Luciana Moreira, educadora e brinquedista

Com 25 anos de experiência, brinquedista destaca a importância da valorização da infância por meio do brincar sustentável e da participação ativa dos pais na vida dos pequenos 

Em meio a um ambiente cada vez mais digital, desde muito cedo as crianças estão expostas a gadgets que as afastam do momento presente e não oferecem os estímulos naturais necessários ao desenvolvimento de uma infância sustentável. Com 25 anos de experiência como educadora, a brinquedista Luciana Moreira – idealizadora da brinquedoteca itinerante Colônia do Brincar* – atesta que o resgate de atividades sustentáveis e a presença frequente dos pais são decisivos para um crescimento saudável.
De acordo com uma proposta desenvolvida pela especialista, para que a criança se desenvolva de forma saudável e desfrute de sua infância tal como deve ser, há cinco atitudes lúdicas e sustentáveis a serem implementadas no dia a dia. “Eu as chamo de 5 R´s porque são os mesmos princípios do desenvolvimento sustentável: refletir, recusar, reciclar, reaproveitar e reduzir”, explica Luciana, vencedora do prêmio ENAI 2017 de melhor brinquedista.
O primeiro elemento diz respeito à importância da presença física dos pais na vida dos filhos. “É preciso refletir, por exemplo, sobre quanto tempo é dedicado às crianças no dia a dia e sobre a carga de exigências escolares e em casa”, lembra a especialista. Os pais devem se aproximar ao máximo dos filhos e participar ativamente de suas atividades, favorecendo o livre brincar e estimulando a criatividade.
O recusar está relacionado a tudo aquilo que promova a “adultização” da vida infantil. O tempo gasto pelos filhos em frente às telas de computadores, tablets e smartphones muitas vezes é responsável por estímulos artificiais e inapropriados à idade, como o mundo da maquiagem, filmes e séries violentos, entre outros.
O terceiro “R”, de reciclar, propõe que as crianças possam ter tempo para reciclarem as imagens e informações absorvidas por sua observação e por meio do brincar desenvolvam suas próprias interpretações sobre o mundo através da imaginação natural.
Permitir que a criança utilize a imaginação e exercite a sua capacidade de tomar iniciativas por meio de materiais desconstruídos é outro passo fundamental para seu desenvolvimento. “Reaproveitar uma caixa de leite e deixar que o filho brinque com ela o deixa livre para exercer a criatividade: pode ser um vagão de trem, uma casinha ou até matéria-prima para a construção de algo”, afirma Luciana.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição de crianças de até 2 anos a eletrônicos deve ser nula; depois disso, até os 12, deve ser de duas horas diárias, no máximo. “Não se trata de reduzir apenas a conectividade virtual, mas também o excesso tempo de atividades dirigidas – escola, aula de inglês, curso de teatro, futebol, ballet etc.”, diz a brinquedista. Dessa forma, os pequenos terão tempo de se expressar e se conhecer por meio do brincar, isto é, de meditar sobre si por meio da ação.
Tal proposta desenvolvida pela brinquedista é abordada nos workshops para educadores, empreendedores, cursos para pais e principalmente nas atividades realizadas com as crianças.
*Colônia do Brincar:
Brinquedoteca itinerante voltada a capacitação de educadores, empreendedores e pais por meio de workshops. A colônia foi fundada em janeiro de 2011 pela geógrafa especializada em educação ambiental e brinquedista Luciana Moreira. www.facebook.com/coloniadobrincar



brincaratividades lúdicas