Sem medo de ser feliz

Roberta Manreza Publicado em 06/05/2017, às 00h00

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6 de maio de 2017


 Por Claudio Henrique dos Santos*, jornalista, escritor e palestrante

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) dá conta de que a mulher trabalha em média 5,4 anos a mais do que o homem ao longo de 30 anos de vida laboral. O trabalho extra é fruto da execução dos afazeres domésticos. Quase metade das mulheres (44,4%) fica abaixo dos 20 anos de contribuição, fato que se explica pelo trabalho informal e afastamento para cuidar dos filhos.

No final do ano passado, a Unilever realizou uma ampla pesquisa em oito países, incluindo o Brasil, para levantar quais os principais obstáculos para atingimento da igualdade entre homens e mulheres. Cerca de 56% dos brasileiros entrevistados concordam que as convenções sociais (como a que a mulher deve ser a responsável pelos cuidados com a casa e a família) são as principais barreiras para o desenvolvimento econômico da mulher.

Esses dois estudos mostram que conciliar a carreira profissional com os afazeres domésticos, principalmente para as mulheres que são mães, ainda é um grande desafio.

Entretanto, se as mulheres sofrem com os efeitos de uma sociedade ainda permeada pelo machismo, talvez numa escala menos perversa, mas ainda real, os mesmos efeitos negativos afetam também os homens. Desde cedo, crescemos ouvindo que devemos ser os provedores da casa. Ninguém nos conta que ser pai é mais do que colocar um prato de comida na mesa. Ser pai é dar afeto, carinho, segurança e estar presente o máximo de tempo possível no cotidiano dos nossos filhos.

Eu precisei passar pela experiência de ser dono de casa por um período da minha vida para perceber a importância de vivenciar a paternidade na sua plenitude. Tudo por conta do machismo. Ainda bem que acordei a tempo, mas se não fosse essa experiência, talvez não tivesse percebido isso até hoje…

Mas se o machismo nos impede de valorizar a importância de compartilhar o cuidado dos nossos filhos com nossas companheiras, a boa notícia é que podemos notar, principalmente junto aos mais jovens, que esse jogo está mudando. Já existem várias comunidades nas redes sociais onde os homens se organizaram para contar suas experiências como pais. Elas refletem uma atitude masculina que está acima de qualquer julgamento da sociedade, sem medo de ser feliz.

Este envolvimento certamente contribui para a formação de uma sociedade com oportunidades mais igualitárias para homens e mulheres. Quando compartilhamos as tarefas da casa e da família com nossas companheiras e esposas, abrimos espaço para que elas possam ocupar seu espaço na sociedade, crescer na carreira profissional e viver seus sonhos individuais. Todos ganham. Muitos homens já perceberam isso, o que é um ótimo sinal.

Se você ficou curioso para saber mais sobre essas comunidades, seguem aqui três indicações. Vale a pena conhecê-las, pois elas não são somente espaços para compartilhamento de experiências, mas ótimos canais de informação, para homens e mulheres.

– Pai tem que fazer de tudo – www.paitemquefazerdetudo.com

– 4Daddy – www.4daddy.com.br

– Jornada de pai – www.facebook.com/jornadadepai

*Cláudio Henrique dos Santos é jornalista, escritor, palestrante e autor dos livros “Macho do Século XXI” e “Mulheres modernas, dilemas modernos”. Participou do Papo de Mãe sobre ‘homens que são donos de casa’.

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