Campanha pede vacinação imediata contra Covid-19 para as pessoas com síndrome de Down

A necessidade da priorização na imunização desta população é explicada por profissionais e comprovada por estudos científicos e casos reais. Vacinação já!

Inclua Mundo* Publicado em 06/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 20h08

Programa Inclua Mundo, no Canal Papo de Mãe -

A vacinação contra a Covid-19, tão esperada por toda a população, teve seu início em janeiro de 2021 no Brasil. Com a alta demanda e doses não suficientes para toda a população, o Plano Nacional de Imunização (PNI) foi organizado pelo Ministério da Saúde por grupos, em ordem de prioridade. Mas, após um ano de pandemia, as pessoas com síndrome de Down (Trissomia 21) maiores de 18 anos ainda não foram contempladas com a imunização em todo o País, cidades como João Pessoa (PB), Natal (RN), Corumbá (MS), Dourados (MS), Jardim (MS), Sidrolândia (MS), Teresina (PI) e Salgueiro (PE) saíram na frente e foram as primeiras a vacinar esse grupo.

No estado do Espírito Santo, por exemplo, a vacinação foi aprovada por meio de um requerimento de urgência na Assembleia Legislativa (Ales). No Rio de Janeiro (RJ), o Ministério Público recomendou que a cidade acate à priorização e na cidade de Santos (SP) um requerimento foi apresentado na Câmara Municipal para discutir a possibilidade de viabilizar a imunização para o grupo.

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Para mostrar os riscos que correm essas pessoas e exigir a vacinação imediata, foi criada a campanha “Uma Dose de Respeito”, uma iniciativa da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD) baseada em estudos científicos que reivindica a priorização dessa população.

A campanha ganhou apoio de organizações internacionais, como a Down Syndrome International, a Disabled People’s Organisations Denmark e a UKaid. Muitos países, inclusive, já aderiram à priorização da vacinação para as pessoas com síndrome de Down (Trissomia 21) junto ao grupo de idosos, como a Holanda, a Alemanha, a França, Portugal, a Itália, países do Reino Unido e em alguns estados dos Estados Unidos. No Brasil, a aderência é restrita a algumas cidades e, por isso, a campanha é tão importante.

Ter acesso à vacina é considerado uma vitória na atual realidade, pois poucas pessoas com síndrome de Down foram vacinadas até aqui. Foi assim para o Pedro, de 30 anos, morador de Teresina (PI), e a primeira pessoa com síndrome de Down a ser vacinado no País. O estado do Piauí foi pioneiro na vacinação de pessoas com deficiência e a emoção tomou conta do rapaz e de seus familiares, que enxergam a iniciativa como abertura para a vacinação de todas as pessoas com essa condição.

Assista ao programa Inclua Mundo sobre vacinação contra Covid-19 de pessoas com síndrome de Down – se inscreva no canal

Conforme comprovam os estudos, como explica a Dra. Ana Claudia Brandão, membro do Comitê Técnico Científico da Federação Brasileira das Associações de síndrome de Down, o curso da infecção é mais grave nessas pessoas e as taxas de complicações e mortalidade são significativamente mais elevadas: “No nosso estudo, a gente encontrou três vezes mais o risco de morte, e isso se assemelha para as pessoas mais velhas com síndrome de Down (T21) ao mesmo risco dos idosos entre 70 e 80 anos. Na população com síndrome de Down (T21) essa mortalidade relacionada à idade acontece 20 anos antes.”

Essa vulnerabilidade foi comprovada no caso do Luiz Octavio de Almeida, de 41 anos, que foi infectado pelo vírus e ficou 10 dias internado na UTI na companhia de sua irmã, Izabella Almeida. Após oito meses, o rapaz foi novamente infectado e internado. Segundo ela, os médicos associaram a reinfecção de seu irmão à questão de a imunidade ser baixa, algo comum entre as pessoas com a trissomia do 21.

É o que reforça o Dr. Marco Aurélio Sáfadi, Infectologista – Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e Professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. “Tanto crianças, adolescentes e adultos com síndrome de Down (T21) claramente têm prejuízos no seu sistema imune que os tornam mais fragilizados para determinadas doenças, inclusive doenças infecciosas”.

Assista aqui ao Programa Inclua Mundo completo e saiba mais sobre a importância da priorização da vacinação de pessoas com síndrome de Down!

Para saber mais sobre a campanha #UmaDoseDeRespeito acesse o site federacaodown.org.br/uma-dose-de-respeito.

*Inclua Mundo é um programa do Canal Papo de Mãe no youtube. Tem o apoio da ONG Nosso Olhar, de Thaissa Alvarenga, colunista do Papo de Mãe.

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