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9 dicas para lidar com a seletividade alimentar

Após 1 ano de idade é esperado e normal que as crianças fiquem mais seletivas pois as taxas de crescimento diminuem

Camila Alves* Publicado em 18/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h05

Frustração e sentimento de culpa: Meu filho não come!
Frustração e sentimento de culpa: Meu filho não come!

Antes de falarmos das dicas precisamos saber diferenciar o que é uma seletividade alimentar, que é esperada dentro dos padrões normais de desenvolvimento da criança, da dificuldade alimentar, aí já uma seletividade mais extrema e que necessita de um acompanhamento multidisciplinar.

Veja no quadro abaixo as diferenças:

SELETIVIDADE ALIMENTARDIFICULDADE ALIMENTAR
– Diminuição da variedade ou quantidade de alimentos.-Tipicamente consome 30 ou mais alimentos.– Aceita pelo menos um alimento por categoria, seja pelo tipo de textura, ou pelo valor nutricional.– Tolera novos alimentos no prato.– Geralmente é capaz de tocar ou provar alimentos, embora com alguma resistência.– Frequentemente seleciona alguns alimentos para comer por determinado tempo, que geralmente podem variar passado algumas semanas ou meses.– Participa da refeição em família e normalmente come ao mesmo tempo e no mesmo local que os membros da família.– Aceitação restrita ou com pouca variedade de alimentos. Geralmente com menos de 20 alimentos.– Recusa categorias inteiras de alimentos seja pelo tipo de textura, sabor, aparência ou temperatura (não aceita alimentos em pedaços ou purês, ou alimentos salgados ou alimento com temperatura mais fria ou quente) ou pelo valor nutricional (não aceita nenhuma proteína, ou nenhuma fruta).– Apresenta comportamento de fuga, luta ou medo quando os alimentos são apresentados.– Quase sempre come alimentos diferentes da sua família.– Muitas vezes se alimenta em um ambiente diferente dos outros membros da família.– Não aceita formas diferentes de apresentação dos alimentos que consome ou mesmo utensílios que utiliza.

Hoje vamos falar de como lidar com a seletividade alimentar, deixaremos a dificuldade para outro artigo. Em todas as consultas de seletividade alimentar, as mães desabafam comigo sobre os desafios e o quanto sentem que não são boas mães, com aquela sensação de que falharam e todo sentimento de culpa, incompetência e frustração que a situação gera nelas. Por isso, trouxe hoje algumas dicas para todas essas mamães que já passaram ou ainda vão passar por isso:

1 - Livrem-se da culpa e não se cobrem tanto! Não levem para o lado pessoal quando seu filho não quer comer. Você não fez ou faz nada de errado, não é porque sua comida estava ruim e sim porque a criança estava sem apetite ou algum outro incômodo.

2 - Reflita! O meu filho não come nada! Toda vez que uma mãe ou pai me diz essa frase eu sempre pergunto: ele não come nada ou não come a quantidade que você acha ser a ideal/suficiente? Faça essa reflexão toda vez que achar que seu filho não comeu nada!! Anote em um papel o dia alimentar todo e não fique fixa em apenas uma refeição.

3 - Mude a sua fala! Comece mudando a abordagem “meu filho não come nada” para “meu filho tem autonomia nas refeições”. Se ficar repetindo que ele não come, acabará passando essa mensagem para ele.

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4 - Escute a criança! Quando ela percebe que sua opinião está sendo considerada, recebe melhor as sugestões e aceita melhor as refeições. Promova a autonomia da criança, ela é responsável pela escolha e quantidade dos alimentos e aos pais cabe oferecer alimentos de qualidade.

5 - Não se desespere! Chame pela Nossa Senhora da Paciência e tente encarar a situação como um desafio saudável. Insistir causa irritação, não resolve e piora a experiência alimentar. Mantenha a calma e pratique o desapego em situações estressantes.

6 - Torne o momento prazeroso! Tire a pressão e não encha a hora da refeição de regras. Substitua a pressão por estratégias lúdicas que incentivem seus filhos a participar da alimentação com você e não contra você. E se você não estiver bem, acho super válido delegar aquela refeição para outra pessoa, pai, avó, sogra, amiga, babá, seja quem for!

7 - Nada de petiscos fora de hora! Regule os intervalos entre as refeições. Se ficar beliscando entre as refeições certamente não comerá bem a comida e principalmente não aceitará um alimento novo na refeição.

8 - Não ceda na ansiedade de alimentar! Evite trocar as refeições nutritivas por substituições inapropriadas como mamadeira, biscoitos ou qualquer outra coisa que “pelo menos” vai encher a barriguinha. Se isso virar rotina, vai ser muito difícil retomar as rédeas da situação no futuro.

9 - Respeite! Se a criança pegar um alimento novo na mão, não pressionar pra levá-lo à boca. Se ela quiser levar um alimento à boca, não pressionar para engolir. Se engolir, não pressionar pra continuar comendo.

Lembrem-se! Após 1 ano de idade é esperado e normal que as crianças fiquem mais seletivas pois as taxas de crescimento diminuem. Ganhar pouco peso entre 1 a 3 anos é um padrão comum em 95% dos casos. Imagina um bebê que nasce com 3kg e seguir ganhando 1kg por mês até 3 anos?

E por fim, sintam-se abraçadas, entendo que não é fácil manter a serenidade diante de uma criança que insiste em não comer. Mas cada criança é única, e por isso, faça o que dá certo para você e sua família e tá tudo bem!

Não se esqueçam: você é a melhor mãe que seu filho poderia ter!

*Camila Alves, nutricionista do Saúde4Kids. Colunista Papo de Mãe.

Camila Alves

Saúde4kids

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O amor à medicina uniu as médicas: Fernanda, Rafaella e Ana. Além da vocação em servir aos pequenos, elas tinham outra certeza: precisavam ajudar as mamães. Perceberam que muitas estavam perdidas nesse caminho cheio de novidades e incertezas que é a maternidade e, na busca por informações, as mamães se perdiam ainda mais.

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