pmadmin Publicado em 18/11/2010, às 00h00 - Atualizado às 13h26
![]() |
| Nathália Just |
A família da minha mãe foi quem nos apoiou e nos criou. Cresci com meus avós, e meu irmão, com nossa tia Marcela. Vovó contava que minha mãe tinha virado uma estrelinha. Me mostrava Vênus no céu e dizia: “olha, a sua mãe está lá”. Com o tempo, entendi que ela havia morrido e que nunca mais voltaria. O apoio familiar foi muito importante para eu suprir essa ausência. Eu tive o amor de mãe graças aos meus avós e meus tios, que viveram para nós. Com todo o sacrifício deles, estudamos sempre nas melhores escolas particulares. Nada nos faltou. Eles nos preservaram e, por isso, tive uma vida feliz, sem tumulto de imprensa, sem advogado, delegacia. Isso não fez parte da minha infância e adolescência nem do início da fase adulta. Minhas lembranças dessa época são as viagens, os primos. Mas eu não contava para todo mundo o que tinha acontecido. Tinha vergonha. Às vezes, as pessoas diziam que eu só falava dos meus avós e tios e perguntavam: “cadê a tua mãe, cadê o teu pai?”. Eu dizia que eles haviam morrido em um acidente de carro ou em um assalto. Dizia que a pessoa foi presa e encerrava o assunto. Um dia, discuti na escola, e uma coleguinha disse que meu pai era assassino. Eu saí da sala, chorei muito, e meu avô teve que me buscar.
Em 2001, saiu nos jornais que o julgamento do meu pai seria naquele ano. Saiu a história toda, o meu nome e o do meu irmão. Então aquele escudo caiu. Escancarou-se ali uma realidade que a gente não gostava de mostrar. Tive de conviver muito tempo com essa vergonha que não era minha, mas que sentia por conta de o país, o Estado, não ter tomado as providências no caso. Se não houvesse a impunidade, por si só o assunto se encerraria – preso em flagrante, o pai de Nathália ficou um ano preso e depois foi solto.Hoje, eu tenho 25 anos, a idade que a minha mãe tinha quando morreu, e posso falar. Com 5 anos, não. Por mais que eu falasse, o meu choro ninguém entenderia. A Isabella Nardoni também tinha cinco anos quando o pai dela a matou, segundo a Justiça. Mas Deus quis que eu vivesse. Eu sou uma Isabella Nardoni que sobreviveu para falar. Minha esperança é de que a Justiça prevaleça e que o réu pague pelo que fez. Esperamos 21 anos, e agora eu quero um ponto final. Eu quero que esse livro se feche, porque páginas e páginas já rolaram. Considero esse período uma pausa para o início do fim.” Nathália Just— ![]() |
| José Ramos Lopes Neto condenado e foragido |
Em 01/06/2010 o assassino foi a júri popular em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e condenado a 79 anos de prisão. Entretanto, está foragido da justiça há mais de 5 meses. Se você souber do paradeiro ou de alguma informação que ajude nas buscas ligue para o Disque Denúncia, telefones: (81) 3421.9595, para o Recife e Região Metropolitana, ou (81) 3719.4545, no interior.Vamos ajudar a Nathália e seu irmão a fazerem JUSTIÇA!!!DICA DE HOJE:MARIA DA PENHA LANÇA LIVRO NA CASA COR CEARÁ 2010 Na próxima sexta-feira (19/11), acontece na Casa Cor Ceará 2010 o lançamento do livro “Sobrevivi, Posso contar” de autoria de Maria da Penha, publicado pela editora Armazém da Cultura. O evento será realizado na Praça Lúcio Costa, a partir das 19h. Para maiores informações: http://www.casacorceara.com.br/.