Roberta Manreza Publicado em 19/08/2015, às 00h00 - Atualizado às 12h34
O Portal Crescer sem Violência listou frases que demonstram que as crianças desaprovam as palmadas, pois se sentem ameaçadas, tristes, com dor, humilhadas e confusas. Veja.
O que é palmada
[a palmada é] quando pais batem em você, mas em vez de chamar de bater, chamam de palmada’ (menina de 7 anos)”
Quem normalmente dá palmadas nas crianças?
Ladrões, sequestradores, mães e pais [e] homens maus’ (menino de 5 anos)
Como a gente se sente ao apanhar?
‘Você sente que não gosta mais dos seus pais’ (menina de 7 anos)
‘A gente sente, você sente como se quisesse fugir porque eles estão sendo como malvados com você e te machuca muito’ (menina de 7 anos)
‘Eu acho que provavelmente faz você sentir vergonha por dentro’ (menina de 7 anos)
Como as crianças agem depois de apanhar?
‘Às vezes elas ficam só quietas, porque sentem muita vergonha e às vezes elas tentam ser boas e fazer a melhor coisa… isso na verdade depende de por que você apanhou’ (menina de 7 anos)
‘Pensei em outra resposta – se elas forem bem pequenas, elas podem pensar que não é certo bater e bater em outra pessoa’ (menina de 7 anos)
Por que as crianças não batem nos adultos?
‘Os adultos são maiores e batem mais forte que as crianças’ (menina de 7 anos)
‘Adultos são maiores e mais fortes e as pessoas levam eles mais a sério’ (menina de 7 anos)
Por que adultos não batem uns nos outros?
‘Adultos perdem o hábito e se eles ainda têm o hábito, eles não batem uns nos outros, eles batem nas crianças ao invés disso’ (menina de 7 anos)
‘Porque eles precisam respeitar uns aos outros porque se eles batessem uns nos outros eles não se gostariam’ (menina de 5 anos)
Quando você for grande, você acha que vai bater em crianças?
‘Não, porque eu acho que bater não é muito legal e quando eu crescer eu quero que meus filhos sejam legais. E eu não vou bater porque eu não quero bater nos meus filhos porque, por exemplo, quando eles crescerem e eles ainda vão lembrar daquele dia em que apanharam… e daí vão começar a brigar… e vão bater em crianças pequenas’ (menino de 7 anos)
Você conhece alguém que não gosta de bater?
‘Minha mãe não gosta de bater porque se ela bate ela vai ter que bater de novo e de novo e a mão dela vai ficar dolorida e ela não vai gostar disso, ela não vai conseguir cozinhar com essa mãe e fazer coisas’ (menina de 5 anos)
Quem pensa que é errado bater?
‘É doloroso e dá um mau exemplo para as outras pessoas.’ (menina de 7 anos)
‘Eu, porque você provavelmente fez por acidente e pareceu que era de propósito e eles bateram em você e foi errado bater.’ (menina de 7 anos)
Como podemos impedir que crianças apanhem?
‘Bom, se você dissesse “bom, como você se sentiria se alguém maior que você viesse e te batesse?” E dizer coisas assim e “Isso não ajuda em nada porque você só está piorando as coisas’ (menina de 7 anos)‘
Ciclo de violência
Pesquisas mostram que essa desaprovação das palmadas pelas crianças não tem correlação com aprovação de palmadas por adultos. Ou seja, as palmadas resultam em adultos que aprovam essa tática ao invés de rejeitarem, a não ser que suas infâncias tenham sido com disciplina física muito severa.
Há evidências de que o castigo físico se perpetua. Adultos que apanharam são mais propensos a bater em seus filhos e crianças que apanham estão mais propensas a aprovar o seu uso nos próprios filhos.
Disque 100
A cada dez minutos uma criança foi vítima da violência no Brasil em 2014. O dado faz parte de um levantamento das denúncias de maus tratos contra crianças e adolescentes, divulgado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal.
Abandono e falta de cuidados básicos, como falta de alimentação e higiene, estão em sete de cada dez denuncias. “Minha mãe sumia, uns dois dias, aí ela voltava… Eu sei fazer comida, eu sei fazer tudo. Aí a gente parou de ir pra escola. Eu repeti quatro anos, mas eu acho que fiquei uns três anos sem ir pra escola”, relata uma dessas crianças.
O relatório mostra que a grande maioria das vítimas (55,73%) tem menos de 11 anos e que as meninas (47%) são mais agredidas do que os meninos (38%). A violência mais comum é a negligência (37%), seguida de violência psicológica (45%), física (21%), sexual (13%) e outras (4%). Em 37,18% dos casos, o agressor é a mãe e em 17,64%, o pai.
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