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Maio Amarelo: confira as ações para a redução de mortes no trânsito que acontecem hoje

O Papo de Mãe conversou com a ONG Criança Segura e com a Dra. Alessia Braz, oftalmologista sobre segurança no trânsito

Maria Cunha* Publicado em 25/05/2021, às 17h04

Acidente de trânsito
Acidente de trânsito

No mundo, todos os dias três mil vidas são perdidas nas estradas e ruas em acidentes no trânsito. Acidentes que representam um custo de US$518 bilhões, equivalente a um percentual entre 1% e 3% do PIB (Produto Interno Bruto) de cada país. 

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países, além de aproximadamente 50 milhões de pessoas que sobreviveram com algum tipo de sequela. A meta estabelecida pela ONU era de reduzir em 50% os acidentes fatais em todo o mundo. Em razão disso, a Assembleia-Geral das Nações Unidas elaborou um documento e apresentou uma resolução que definiu a última década, de 2011 a 2020, como um período dedicado às ações para a segurança no trânsito.

"Respeito e Responsabilidade. Pratique no Trânsito"

De hoje, 27, até o dia 30, a concessionária SPMAR preparou ações de conscientização no Rodoanel Mario Covas com o lema "Respeito e Responsabilidade. Pratique no Trânsito". A iniciativa que impactará motoristas, motociclistas e ciclistas faz parte da programação do movimento Maio Amarelo, que tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para o alto índice mundial de mortos e feridos no trânsito. 

A falta de respeito às leis é uma das principais causas de acidentes no trânsito. O diretor executivo da concessionária, Marcos Fonseca, explica que atitudes decisivas, como o respeito e a responsabilidade, enfatizados no lema, estão deixando a desejar. "É importante que a sociedade se mobilize e reflita, para que possamos reduzir drasticamente as ocorrências de trânsito. As principais causas de acidentes são velhas conhecidas, como o uso do celular e as ultrapassagens perigosas, ambas refletem uma desobediência às leis de trânsito. Precisamos urgentemente dar um basta nisso e a melhor forma é pela educação". 

Durante todo os dia, as ações da campanha de 2021 ocorrerão no SAU 3 (Serviço de Atendimento ao Usuário), localizado no km 102, região de Suzano. Lá, será oferecido um check-up de saúde, com aferição de pressão arterial e taxa de glicemia, e também a distribuição de brindes e orientações aos motoristas. A iniciativa terá o apoio da Polícia Militar Rodoviária (PMRV), São Francisco Regates, SOS Truck e Artesp. 

No dia 29, o trabalho da equipe operacional será direcionado aos motociclistas e ocorrerá no km 50, em São Paulo, com auxílio da PMRV, que também apoiará a ação com os ciclistas, no dia 30, no km 68 (SAU 2), em São Bernardo do Campo.

Além disso, outras ações educativas seguem ao longo da rodovia. Desde o início de maio, todas as cancelas das praças de pedágio dos trechos Sul e Leste do Rodoanel Mário Covas trazem mensagens de segurança, assim como os Painéis de Mensagens Variáveis (PMVs), que exibem frases lembrando a importância da atenção no trânsito. 

Medição de pressão em ação no Rodoanel
Medição de pressão em ação no Rodoanel

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A ONG Criança Segura

Vânia Schoemberner é gerente-executiva da ONG Criança Segura. A instituição existe há 20 anos e foi fundada a partir da Safe Kids, uma organização americana. O foco de atuação da Criança Segura é trabalhar na prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. Para isso, Vânia explica que são utilizadas três frentes: 

  • o Advoca-se, que é a promoção de políticas públicas para a proteção das crianças nessa temática.
  • A comunicação, ou seja, campanhas, ações, uso redes sociais e de materiais educativos. Tudo que possa informar pais e mães sobre como previnir os acidentes, o que coloca as crianças em risco. É uma parte mais educativa e informativa. 
  • A mobilização, que hoje, por conta da pandemia, está mais pautada noscursos on-line pra pais, responsáveis, profissionais de saúde e educação. Além de palestras, mobilizações e eventos, ações presenciais, quando possível.

De acordo com Vânia, "no pilar da comunicação, a gente usa esse mês para informar às pessoas e falar da temática do trânsito. Quando a gente olha os dados, a primeira causa de morte entre as crianças é o trânsito. Então, é um tema prioritário pra própria instituição e pra todo mundo que atua nessa mesma temática, porque é o que está mais matando as nossas crianças".

A gerente-executiva da Criança Segura explica que, na ONG acredita-se que "é o responsável, o adulto que é o capaz de previnir o acidente, é lógico que a criança pode aprender e tem muitas ações educativas, mas nosso principal público é o adulto, porque é ele que, de fato, tem condições de cuidar e proteger uma criança".

Por isso, Vânia pontua a importância da função multiplicadora do adulto. "Como multiplicador, vai falar pra outros adultos. Na sua comunidade escolar, vai engajar outras pessoas. No seu condomínio, vai trazer outras junto para essa temática. No seu posto de saúde, vai engajar funcionários".

Segurança ocular nas estradas

A saúde ocular é essencial para uma direção segura. A Dra. Alessia Braz, oftalmologista parceira da empresa ZEISS, explica que, assim como a manutenção do veículo e o cumprimento às leis de trânsito, uma boa visão é determinante para o condutor. 

"A pupila reage à intensidade da luz ambiente, especificamente àquela que atinge diretamente os olhos. Seu diâmetro varia, ficando pequeno quando há muito exposição à luz, e grande quando o ambiente está mais escuro. Para completar, em condições de baixa luminosidade, como ao anoitecer, durante chuvas ou em dias nublados, o diâmetro da pupila fica entre o pequeno e o grande, tornando a percepção espacial difícil para os motoristas e afetando seu desempenho visual", relata a oftalmologista. 

Além disso, a Dra. Alessia Braz conta que muitos motoristas sentem desconforto ao dirigir devido uma sensação de ofuscamento, associada normalmente às luzes de alta intensidade nos faróis dos automóveis em sentido oposto, do reflexo do sol no asfalto e em demais veículos, ou até mesmo da iluminação da rua no período da noite.

"É preciso ficar atento também ao efeito ‘lusco-fusco’, mudança na iluminação causada pela transição entre dia e noite, que pode causar perda de noção de distância e profundidade, ou até cegueira momentânea devido ao ajuste dos olhos à luz do nascer ou pôr-do-sol que atravessa diretamente o para-brisa", ressalta a ofatlmologista Dra. Alessia Braz. 

A oftalmologista conclui ao lembrar que dirigir exige a divisão da atenção entre diferentes pontos focais, em distâncias variadas. Por isso, é essencial ter uma visão dinâmica, que garanta a segurança própria e a dos demais.

Algumas das recomendações da Dra. Alessia Braz para segurança ocular e no trânsito são:

  • Descanso: o sono está diretamente relacionado ao alto índice de acidentes nas estradas, competindo praticamente de igual para igual com o consumo de bebidas alcoólicas. Portanto, é imprescindível que o motorista tenha uma boa noite de sono e esteja descansado antes de pegar a estrada.
  • Uma boa alimentação: Prefira comidas leves e de fácil digestão, que não causarão sonolência e tampouco desconforto digestivo durante o percurso.
  • Não usar o celular: distrações, como o uso de celular ao volante, podem causar acidentes fatais em fração de segundos. Caso seja extremamente necessário usar o telefone, o correto é parar o veículo no acostamento ou em local apropriado e só retornar à pista quando o aparelho estiver desligado.
  • Uso dos óculos: previsto na legislação brasileira e passível de multa, o uso dos óculos de grau é obrigatório para quem necessita.
  • Cinto de Segurança: As estatísticas mostram que uma pessoa ejetada para fora do veículo durante um acidente tem cinco vezes mais chances de morrer do que as demais. Ao entrar no veículo, é essencial que o motorista e todos os passageiros coloquem o cinto corretamente e o mantenham afivelado durante todo o percurso.
  • Velocidade: Ao dirigir, é fundamental estar atento à sinalização indicativa de velocidade da via e respeitar os limites estabelecidos.

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe

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