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Dia Mundial de Combate ao Câncer: congelamento de óvulos é alternativa para mulheres com o diagnóstico 

Roberta Manreza Publicado em 08/04/2017, às 00h00

Imagem Dia Mundial de Combate ao Câncer: congelamento de óvulos é alternativa para mulheres com o diagnóstico 
8 de abril de 2017


Por Dr. Rodrigo da Rosa Filho*, ginecologista e obstetra

A irradiação e quimioterapia no tratamento do câncer podem reduzir a fertilidade, pois comprometem a qualidade e estoque dos óvulos. O risco depende da idade da paciente e do tipo e duração do tratamento.

Para preservar a fertilidade e adiar a gestação com segurança, a alternativa é o congelamento de óvulos.

“Para mulheres com diagnóstico de câncer e que precisam adiar a gravidez, essa é a melhor estratégia para o sonho de ser mãe não acabar devido a degeneração dos óvulos”, afirma o Dr. Rodrigo da Rosa Filho, obstetra, ginecologista e especialista em reprodução humana.

Após o tratamento oncológico, os óvulos geralmente não se regeneram, o que pode resultar em um quadro de menopausa precoce. Tal risco é menor para as mulheres mais jovens e para aquelas que recebam doses menores de quimioterapia.

Sobre o congelamento de óvulos

Para o congelamento, os ovários são estimulados com a administração de hormônios para obtenção de um maior número de óvulos. A coleta dos óvulos é realizada por uma punção realizada via transvaginal, sob anestesia. Os óvulos maduros gerados através da fertilização in vitro são congelados e podem ser armazenados durante anos. O estímulo pode ser iniciado em qualquer fase do ciclo menstrual e dura cerca de 15 dias, não adiando o tratamento quimioterápico do câncer.

“Com a cura da doença, injeta-se um espermatozoide diretamente no interior do óvulo descongelado, através da micromanipulação dos gametas. Os óvulos são fertilizados e, após acompanhamento e seleção, os embriões são transferidos para o interior da cavidade uterina”, explica Rodrigo.

O número de embriões transferidos varia de acordo com o caso, podendo ser no máximo dois em mulheres de até 35 anos, três embriões em mulheres dos 36 aos 39 anos, e até quatro nas acima de 39 anos. A taxa de sucesso varia de acordo com a idade da mulher e com as causas da infertilidade – de 10% a até 60% por tentativa.

Atualmente, o tratamento de fertilização in vitro é responsável pelo nascimento de milhares de crianças no mundo. No Brasil foram realizados mais de 35 mil procedimentos em 2015. O Dr. Rodrigo da Rosa Filho já realizou mais de 300 tratamentos.

Outra técnica para preservação da fertilidade é o congelamento de tecido ovariano e essa técnica é indicada para mulheres com diagnóstico de câncer que vão iniciar a quimioterapia em poucos dias e não teria tempo do congelamento de óvulos. Porém, essa técnica ainda é considerada experimental, apesar de já terem nascidos mais de 80 bebês após o transplante do tecido ovariano no organismo após a cura do câncer.

“Apesar da preocupação com a fertilidade, é importante ressaltar que o diagnóstico precoce do câncer é fundamental para o sucesso do tratamento e cura da doença”, conclui o especialista em reprodução humana.

*Dr. Rodrigo da Rosa Filho é especialista em reprodução humana. Graduado em medicina pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM), é membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP), e co-autor/colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da SBRH e autor do livro” Ginecologia e Obstetrícia- Casos clínicos” (2013).

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