Papo de Mãe
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Culinária interativa para seu filho comer bem

Um guia prático para que famílias criem um ambiente gostoso, com momentos compartilhados em volta da mesa; é esta a semente de uma dinâmica na qual as crianças

Mayra Abbondanza* Publicado em 21/05/2018, às 00h00 - Atualizado às 14h10

Vamos incentivar esse grito: “Dêxa eeuuu!!!!”
Vamos incentivar esse grito: “Dêxa eeuuu!!!!”

Projeto promete uma ação revolucionária para filhos e pais se apropriarem da sua alimentação. O início é esse livro, que precisa de apoio para ser viabilizado e teve o financiamento coletivo lançado.

Um guia prático para que famílias criem um ambiente gostoso, com momentos compartilhados em volta da mesa; é esta a semente de uma dinâmica na qual as crianças, quando chegarem à adolescência, estarão conscientes e aptas para ESCOLHER e PREPARAR o seu próprio alimento.
E o que é comer bem? Fazer receitas equilibradas e também gostosas? Apropriar-se do preparo das refeições? Entender o que é saudável para o nosso corpo? Pensar no impacto das nossas escolhas alimentares? Ter bons momentos compartilhados à mesa? Entender que a criança precisa de uma vida inteira para realmente aprender a comer bem?

A sensação ao escrever este livro é a de que estou defendendo uma tese. Uma tese que testei na prática, dentro da minha casa, diariamente, por anos e anos, envolvendo meus filhos no processo da alimentação desde cedo. Meu filho mais velho recentemente se tornou um “teen” e chegou ao grau de consciência, protagonismo e independência na cozinha que eu acredito que seja a chave para uma enorme mudança de hábitos alimentares das próximas gerações.

A ideia deste livro é mostrar como, de uma maneira lúdica, a criança pode crescer como protagonista do processo da alimentação – e não como espectadora – a ponto de, na adolescência, ser capaz de escolher e preparar o seu próprio alimento.

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Para isso, precisaremos do comprometimento de pais que podem até não ter intimidade com a cozinha, mas que estarão dispostos a se esforçar para cumprir alguns desafios que proporemos neste livro e ser então recompensados com o impacto positivo de criar uma geração de transição, que poderá cozinhar com os seus netos.

Como diz Michael Pollan: “quando aprendemos a cozinhar, nos tornamos verdadeiramente humanos. Existe alguma atividade menos egoísta e tempo menos desperdiçado do que preparar algo delicioso e nutrir as pessoas que você ama?”

O autor ainda afirma: “Cozinhar é um dos mais simples e importantes passos que alguém pode dar para melhorar a saúde da sua família, construir comunidades, influenciar o sistema alimentar e quebrar nossa crescente dependência dos alimentos processados.”

Se pensarmos que comemos pelo menos três vezes por dia, saber cozinhar minimamente é uma habilidade que certamente será útil, se não essencial.

Isso sem falar da troca emocional poderosa que acontece em volta da mesa. Quando aprendi a cozinhar, percebi que tinha algo mágico nas mãos. Algo que une as pessoas, que aquece corpo e coração, que desperta risos, confidências e momentos inenarráveis. Nossas memórias culinárias de infância nos fazem salivar. Nossas receitas de família são uma maneira de valorizar nossas tradições e nossos antepassados e de manter o laço de amor intergeracional.

Concluí, nos últimos anos, que não importa se você tem uma família com os pais separados, 1 ou 4 filhos, ou se mora sozinha com um sobrinho. O principal conceito deste livro é sobre ser consciente do poder que tem o comportamento e rotina da sua família para estabelecer um equilíbrio não só nutricional, mas também emocional. As configurações são únicas e cabe a você tomar as rédeas e ser  protagonista da sua mesa.

Sempre pensando em enxergar a alimentação com o olhar da criança, optamos por 80 receitas com ilustrações e atividades lúdicas, em vez de fotos de receitas, que são sempre lindas, perfeitas e impecáveis, mas não são representativas da deliciosa bagunça e da experimentação que acontece quando os pequenos passam a pilotar a cozinha.

O livro foi inteiro pensado para se comunicar diretamente com a criança e ainda mostrar para os pais os conceitos básicos da iniciação alimentar e como cada idade pode participar, respeitando a capacidade e o interesse de cada etapa da vidinha deles: começando com o atento, passando pelo xeretinha, depois o infiltrado, o se achando, o sabe tudo, até chegar ao protagonista gourmet, que poderá cozinhar para si, para seus amigos, sua família e até mesmo para você.

Quem você espera que seja o protagonista da sua alimentação. A indústria? O serviço de delivery? O restaurante? Seus pais? Sua funcionária? Você? Seus filhos? Você já promoveu essa discussão, ainda que internamente? Qual é o seu conceito de equilíbrio?

Imagem da Mayra Abbondanza

"Dêxa eeuuu" é um resumo tangível do que pude observar durante a última década trabalhando com mais de 500 famílias: é o grito desesperado de uma geração que pede espaço para ser protagonista, não só de sua própria alimentação, como de todos os caminhos de sua vida. Todas as crianças são capazes de fazer, interagir e decidir muito mais do que seus pais e cuidadores têm consciência. Abrir esse espaço de diálogo e improvisação é um passo corajoso ao desconhecido, que levará todos a um nível inimaginável de interações.

É importante ser consciente do poder que têm o comportamento e a rotina da sua família nos hábitos e nas referências alimentares que pretende estabelecer.

Assista "A importância da participação das crianças na preparação dos alimentos" do programa Momento Papo de Mãe:

*Mayra Abbondanza é consultora em alimentação infantil

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