Papo de Mãe

Dia Mundial Sem Xixi na Cama

Fazer xixi na cama é uma condição médica comum que tem um impacto sério na autoestima da criança, no bem-estar emocional, incluindo o desempenho escolar e social.

Roberta Manreza Publicado em 29/05/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h59

Imagem Dia Mundial Sem Xixi na Cama
29 de maio de 2018


Por International Children Continense Society (ICCS) e da European Society for Pediatric Urology (ESPU), 

Pesquisas inéditas feitas no DNA de crianças apontam causas que podem justificar o xixi na cama

  • Transtorno denominado como Enurese Noturna, muitas vezes negligenciada, afeta até 15% das crianças com mais de 5 anos de idade;
  • Pesquisadores descobrem ligação genética que pode prever transtorno em crianças e fornecer melhores opções de tratamento precoce;
  • Desenvolvimentos tecnológicos recentes permitiram aos pesquisadores isolar genes específicos e variantes genéticas para identificar crianças predispostas a terem Enurese Noturna;
  • O primeiro estudo de associação do genoma em todo o mundo (GWAS) em crianças indica potencial para novas pesquisas que poderiam levar a um melhor tratamento para Enurese Noturna

No dia Mundial de conscientização sobre o Xixi na Cama, as entidades International Children’s Continence Society (ICCS) e Sociedade Europeia de Urologia Pediátrica (ESPU), responsáveis pelas ações globais do Dia Mundial Sem Xixi na Cama (29/05) apresentam um estudo inédito sobre Enurese Noturna. A pesquisa feita pela Associação do Genoma (GWAS) em genes e variantes genéticas de crianças pode levar a uma identificação precoce do xixi na cama, e com isso melhorar as opções de tratamento para crianças que sofrem com o transtorno.

“Nós conhecemos o transtorno há mais de um século, e evidências sugerem um fundo genético para o xixi na cama. O risco de acordar molhado é 5 a 7 vezes maior entre as crianças com um pai que sofreu com o transtorno quando era criança e aproximadamente 11 vezes maior se ambos os pais apresentaram o problema”, disse Jane Hvarregaard Christensen, do Departamento de Biomedicina da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.

Fazer xixi na cama é uma condição médica comum que tem um impacto sério na autoestima da criança, no bem-estar emocional, incluindo o desempenho escolar e social. O xixi na cama também foi associado à função cerebral e problemas psicológicos. No entanto, após tratamento foram detectadas melhorias.

A Associação do Genoma utilizou uma amostra com base na população de cerca de 80 mil pessoas dinamarquesas. Os estudos de associação em todo o genoma funcionam através da varredura de marcadores em todos os conjuntos completos de DNA, a fim de encontrar variantes genéticas associadas a uma determinada doença.

De acordo com Jane, ao comparar a frequência de milhões de variantes genéticas em milhares de amostras de DNA de crianças que fazem xixi na cama, conseguimos demonstrar variantes genéticas específicas que contribuem para aumentar o risco de Enurese Noturna. “Este estudo é um primeiro passo importante para fornecer novos conhecimentos sobre os processos biológicos que levam ao transtorno”, diz.

Existem pelo menos dois principais mecanismos patogênicos em relação ao xixi na cama – uma capacidade de bexiga reduzida e o aumento da produção de urina durante a noite. Ao avaliar as crianças que receberam numerosas prescrições de medicamentos e que se esperava que tivessem uma resposta ao tratamento, os pesquisadores conseguiram dividir as crianças em sub-fenótipos clínicos e atribuir variantes genéticas específicas a diferentes mecanismos patogênicos. Além disso, devido ao extenso tamanho da amostra, os pesquisadores conseguiram analisar milhões de genes e variantes genéticas para estimar o risco de xixi na cama e determinar o seu fardo genético.

“Acreditamos que novas pesquisas de genes e de variantes genéticas poderiam nos ajudar a identificar mais cedo as crianças com propensão de desenvolver a Enurese, e com isso determinar quais se beneficiariam com a medicação e tratamento personalizado para aliviar o transtorno”, finaliza Jane, do Departamento de Biomedicina da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.

No Brasil

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), fazer xixi na cama após os 5 anos de idade é um sinal de Enurese Noturna. Persistindo os sinais da doença após essa idade, crianças e adolescentes podem sofrer graves consequências psicológicas e sociais. Trata-se de uma condição bastante frequente, com estimativas de que 15% das crianças com mais de 5 anos de idade e 5% das crianças com 10 anos ainda fazem xixi na cama.

Além da genética, outros fatores podem predispor a Enurese Noturna, como a deficiência de secreção de vasopressina noturna (substância que diminui a produção de urina durante a noite), bexiga pequena para a idade ou hiperativa (diminuindo a capacidade do órgão de reter a urina), problemas estruturais no trato urinário e dificuldade de acordar a noite, em resposta à bexiga cheia.

Sobre o Dia Mundial Sem Xixi na Cama

O Dia Mundial Sem Xixi na Cama, campanha global realizada anualmente no dia 29 de maio, é uma iniciativa da International Children Continense Society (ICCS) e da European Society for Pediatric Urology (ESPU), e foi criada para aumentar a conscientização do público e dos profissionais de saúde sobre o transtorno que é uma condição médica comum que pode e deve ser tratada. O tema da campanha deste ano é: “Tempo para agir”, em reconhecimento de que muito mais pode ser feito para diagnosticar e tratar as crianças que sofrem de Enurese Noturna.

Com apoio do Laboratórios Ferring, o site www.semxixinacama.com.br criado exclusivamente para reunir informações sobre a Enurese Noturna, irá orientar as famílias sobre como lidar com o xixi na cama sem traumas, alertando sobre a importância do diagnóstico correto e da busca por tratamento médico adequado. O visitante ainda terá acesso a uma lista com os centros de apoio mais próximos à sua região, perguntas e respostas sobre o tema, além de vídeos e um blog.



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