O fato das gestantes estarem no grupo de risco para a novo coronavírus fez com que muitas mulheres adiassem os planos de gravidez
Dra. Adriana de Góes Publicado em 26/01/2022, às 06h00
Caminhamos para completar dois anos de pandemia. Tivemos de nos adaptar em muitos aspectos e adiar sonhos, na esperança que a Covid-19 passaria e conseguiríamos retomar nossas vidas como antes. No meu consultório, o número de mulheres procurando o congelamento de óvulos dobrou durante a pandemia. Medos, incertezas sobre o futuro e o fato das gestantes estarem no grupo de risco para a novo coronavírus fizeram com que muitas mulheres adiassem os planos de gravidez.
Agora, a chegada da nova onda com a variante ômicron pode ter sido aquele banho de água fria na nossa tão esperada volta ao normal. E não esqueçamos, o risco de coinfecção pelo coronavírus e a influenza, a chamada “Flurona”, colocou uma pulga a mais atrás da orelha. Mas quando falamos em saúde reprodutiva, na maioria das vezes o tempo não está a nosso favor. Muitas mulheres não podem ou não querem esperar para engravidar. Se você é uma delas, está tudo bem. Não há razões e nem recomendações médicas para que as tentativas de gravidez ou tratamentos de fertilização sejam postergados, principalmente agora que temos a vacina para nos proteger.
Para gestantes e tentantes, os conselhos continuam os mesmos: cuidados redobrados e vacinação. Cerca de 35% das grávidas já tomaram as duas doses do imunizante no país, segundo dados do Programa Nacional de Imunização. E estudos mostram que as vacinas têm sido eficazes tanto para reduzir a contaminação pela Covid-19 quanto para evitar casos graves da doença. Então, vacinem-se, usem máscaras (preferencialmente N95) e mantenham o distanciamento social.
Segundo ponto importantíssimo e que tem gerado muitas dúvidas em meu consultório. E a ômicron? A boa notícia é: embora mais contagiosa que outras variantes, ela não oferece riscos extras às gestantes, além dos já conhecidos para a Covid-19. De toda forma, qualquer quadro infeccioso numa gestação gera risco de parto prematuro. Mas atenção mamães: em caso de comorbidade como diabetes ou obesidade, o alerta é maior.
Se depois de tudo o que falamos a mulher ainda assim optar por adiar a gravidez, o congelamento de óvulos ou de embriões é uma boa solução. No entanto, se optar por dar andamento ao tratamento de fertilização, não há também qualquer contraindicação. As clínicas adotaram protocolos sanitários para dar segurança às pacientes. Então, tentantes, podem seguir o tratamento sem medo!
E reforço: vacinem-se, inclusive com a terceira dose!
*Formada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Dra. Adriana de Góes é referência em reprodução humana e especialista em fertilização in vitro, inseminação artificial e trombofilias. Mestre em Ginecologia Obstetrícia e Doutora na área de Tocoginecologia, pela Unicamp, a profissional tem cursos e experiência internacional, inclusive na IVI Foundation and IVI Clinic, em Valência, na Espanha. Além disso, faz parte da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade Americana de Imunologia da Reprodução e da Sociedade Americana e Europeia de Reprodução Assistida. É autora de quatro livros sobre o tema, com o mais recente, Infertilidade e Gravidez - tudo o que você precisa saber sobre reprodução humana assistida, tendo sido lançado em agosto deste ano.
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