Vídeo mostra agressão covarde. Violência contra mulher é algo inaceitável e precisa ser denunciada.

Violência contra a mulher: até quando seremos coniventes?

Clarissa Meyer* Publicado em 19/12/2016, às 00h00 - Atualizado em 15/01/2021, às 11h55

Vídeo mostra Edvânia Nayara Ferreira Rezende, de 23 anos, sendo covardemente agredida com um soco e um chute no rosto - Reprodução do vídeo

Um vídeo teve grande repercussão na internet neste fim de semana. Ele mostra a segurança Edvânia Nayara Ferreira Rezende, de 23 anos, que trabalha em um clube na Cidade de Três Corações – MG, sendo covardemente agredida com um soco e um chute no rosto. O agressor foi identificado como Luiz Felipe Neder Silva, comerciante, 34 anos.

Segundo informações divulgadas pela imprensa, o agressor é casado com a delegada da cidade, Ana Paula Kich Gontijo, que segundo testemunhas, estava sendo agredida por ele no momento em que Edvânia foi prestar auxílio. “O carro dele passou por mim”, relembra Edvânia, que estava em uma área próxima à piscina do clube.

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“Nisso, ele parou mais à frente. Eu não sei se ela pulou do carro, mas ele desceu atrás dela e começou a puxá-la pelo cabelo para que ela entrasse no carro. Aí eu saí atrás e disse que iria chamar a polícia. Foi então que ela jogou a chave do carro para mim. Eu me livrei da chave e ele veio me dizer que estava com vergonha dela, que queria levá-la para casa, mas, como eu neguei entregar a chave, ele me bateu”, afirma.

“Quando ele veio para cima de mim, eu fiquei com medo. Tanto que eu encostei no carro e foi por isso que ele conseguiu me acertar. Eu não tinha para onde fugir. Mas quando eu caí no chão, eu queria voar nele. Eu só não parti para cima dele porque não deixaram”, relembra. “Não importa se ele estava bêbado. Não tem como justificar o que ele fez”.

Luiz Felipe Neder Silva, que já tem passagens pela polícia, foi autuado e levado preso.

Violência contra mulher

De acordo com a Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado, 5 mulheres são espancadas a cada 2 minutos no país; uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido” e o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.

Não adianta. Contra fatos não há argumentos. A covardia destas imagens dispensa quaisquer comentários. Mas chama a atenção, no caso, que a esposa do agressor seja a delegada da cidade, ou seja, a violência está presente aonde menos se espera…  (A propósito, o que ela ainda está fazendo com este cara???)

Mulheres, vocês não podem ter medo de denunciar, nem mesmo quando chantageadas. Não há o que justifique a violência contra mulher. Se o seu parceiro bater em você uma única vez, ele possivelmente vai repetir. Isto é estatisticamente comprovado e a culpa não é sua. A culpa é dele, a vergonha é dele, porque a falta de caráter também é dele. Alguém que provavelmente desconta em casa (na mulher e/ou nos filhos) as frustrações do dia… Lembrem-se: a Lei Maria da Penha existe para proteger vocês!  Estes ‘seres’ precisam ser denunciados e punidos exemplarmente. Não se pode admitir que atrocidades como estas continuem acontecendo.

Disque 180 para denunciar

O atendimento à Mulher Ligue 180 funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo, inclusive feriados. A ligação é gratuita e o atendimento é de âmbito nacional. Além de encaminhar os casos para os serviços especializados, a Central fornece orientações para que a mulher se proteja do agressor e informações sobre seus direitos legais, os tipos de estabelecimentos que pode procurar, conforme o caso, dentre eles as delegacias de atendimento especializado à mulher, defensorias públicas, postos de saúde, instituto médico legal para casos de estupro, centros de referência, casas abrigo e outros mecanismos de promoção de defesa de direitos da mulher.

*Clarissa Meyer é mãe, colunista do Portal Papo de Mãe, assessora do Instituto Empathiae e apresenta o Podcast Inclusão Pinheiros do Esporte Clube Pinheiros.

Assista ao Papo de Mãe sobre Violência contra Mulher com a presença de Maria da Penha:


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