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Amamentação: 6 motivos para amamentar e que não têm relação com o bebê

A médica Ligia Santos reforça a importância da amamentação e dá seis motivos para incentivar a prática que não estão relacionados ao bebê

Maria Cunha* Publicado em 03/09/2021, às 17h35

Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe
Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe

No mês de agosto, é celebrado o Agosto Dourado, uma campanha de incentivo à amamentação. Mas, é importante lembrar que todo dia é necessário reforçar os benefícios de amamentar para a mãe e para o bebê.

A amamentação aumenta o Q.I. do bebê, melhora o desenvolvimento orofacial, melhora a conexão dele com a mãe e transfere anticorpos da mãe para o bebê, o que faz com que a imunidade dessa criança seja melhor. Entretanto, a amamentação não é só fantástica pro bebê, para mãe também é algo sensacional.

A ginecologista e obstetra Ligia Santos lista seis motivos pelos quais vale muito a pena a mãe amamentar e que não tem relação com bebê.

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1. Diminuição da chance de desenvolver câncer de mama

De acordo com a Dra. Ligia, cada ano que você amamenta, é diminuída em cerca de 5% a chance de desenvolver câncer de mama. A médica explica que 90% dos casos de câncer de mama não tem relação familiar, são de mulheres que, muitas vezes, são o único caso na família.

"Então, é importante a gente colocar nessa equação a amamentação, porque ela vai fazer com que você diminua as suas chances de desenvolver um tumor no futuro. Isso porque, quando a gente amamenta, ocorre uma renovação celular mais frequente. Com isso, as células que de repente poderiam trazer algum problema no futuro, acabam sendo descartadas por conta do ato de amamentar e tem a ver com o tempo, cada ano que você amamenta diminui mais ou menos 5% a chance de você desenvolver câncer de mama". (Dra. Ligia Santos)

Por isso é importante a amamentação exclusiva até os 6 meses e, se for possível, manter a prática até os dois anos, pelo menos. 

2. Diminuição da chance de desenvolver câncer de ovário

A relação entre o câncer de ovário e a amamentação é um pouco menos estudada, mas também se acredita que a amamentar diminui a incidência desse tipo de câncer. Isso porque, quando a gente amamenta, ocorre uma parada na ovulação por um tempo e cada vez que a gente ovula, podem ocorrer microtraumas no ovário para poder expulsar o óvulo, então o fato de você ficar um tempo sem ovular acaba diminuindo a quantidade de microtraumas que acontecem e faz com que você tenha menos chance de desenvolver câncer de ovário.

Além disso, da mesma forma que o câncer de mama, quando ocorre a amamentação, acontece como se fosse um repouso de hormônio no corpo. Então, pensando em fatores de risco para câncer de mama, por exemplo, que são menopausa tardia, menstruação cedo, não engravidar e não ter nenhum filho, isso tudo faz com que ocorra muito tempo de exposição hormonal na mama e, esses mesmos hormônios, também podem interferir no ovário. Por isso, é importante amamentar e, de preferência, por um longo período.

3. Diminuição da chance de desenvolver osteoporose

O ato de amamentar reduz o risco de desenvolver osteoporose. Quando a gente está amamentando, por dia, é produzido de 600 mL a 1L de leite e isso faz com que ocorra uma perda de cálcio nos ossos de cerca de 200 mg por dia.

À princípio, a gente pode até pensar que essa perda toda, ao contrário, vai aumentar as chance de ter osteoporose, mas na verdade ocorre o oposto. No período de desmame, nessa fase de recuperação, percebeu-se que a massa óssea tende a ficar mais forte e diminuir a chances futuras dessa mãe ter algum tipo de fratura, principalmente as fraturas de quadril são muito perigosas. Isso para mulheres que amamentam por um longo período, pelo menos 8 meses, explica a Dra. Ligia

4. Diminuição da chance de desenvolver artrire reumatóide

Há uma ligação menos esclarecida entre a amamentação e a artrite reumatóide, mas também foi percebido que, a medida que as mulheres amamentam, elas também têm menos chances de desenvolver artrite no futuro.

5. Recuperação do peso anterior à gravidez

Uma das maiores queixas vistas entre as puérperas é justamente a dificuldade de recuperação de peso,principalmente naquelas que não são mães de primeira viagem e que têm dois, três ou quatro filhos.

Em média uma pessoa consome entre 2000 e 2200 calorias por dia e, durante a amamentação, ocorre o incremento de 500 a 600 calorias por dia.

Então, ao amamentar, você gasta muito mais calorias e isso facilita com que você perca peso, por isso é importante que você amamente. (Dra. Ligia Santos)

6. Amamentação pode ser considerada um método contraceptivo

A amamentação exclusiva pode ser considerada um método contraceptivo principalmente nos primeiros seis meses. Isso porque, como explicado pela Dra. Ligia Santos, as mulheres não ovulam quando estão amamentando exclusivamente. Assim, existe menos chance de gravidez nesse período inicial, nos primeiros seis meses.

Depois desse tempo, podem ocorrer ovulações esparsas e a chance da amamentação ser um método contraceptivo eficaz acaba caindo. Por isso, é importante a questão do planejamento familiar se você não quer ter filhos tão perto.

A Dra. Ligia ainda explica que é importante ter um intervalo interpartal, entre um filho e outro, pra que você consiga amamentar de forma adequada seu bebê e se recuperar, ter um tempo de repouso, porque o parto e gestação são eventos muito cansativos, às vezes, para mulher e demandam muito de seu corpo. A amamentação aumenta as chances de ter esse repouso, de não engravidar tão perto.

*Ligia Santos é ginecologista e obstetra

Assista ao vídeo da Dra. Ligia Santos sobre amamentação

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe 

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