Papo de Mãe

O Covid-19 pode afetar o tratamento de fertilização?

Especialista explica e dá dicas de cuidados para quem está passando por este tipo de tratamento.

Roberta Manreza Publicado em 03/04/2020, às 00h00 - Atualizado em 06/04/2020, às 11h18

Imagem O Covid-19 pode afetar o tratamento de fertilização?
3 de abril de 2020


Dr. Carlos Roberto Izzo*,  especialista em reprodução humana

Especialista explica e dá dicas de cuidados para quem está passando por este tipo de tratamento

Com o aumento do número de infectados com o Covid-19, têm surgido algumas dúvidas relacionadas a fertilização, já que existem muitas mulheres e casais em processo de tratamento em meio a pandemia que assola o Brasil e o mundo. Consultamos um especialista em reprodução humana, o Dr. Carlos Roberto Izzo da Clínica Originare e Membro da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana), que esclareceu essas e outras questões acerca do tema. Questionado sobre possíveis indícios de que o novo coronavírus pode afetar os órgãos reprodutores, o médico tranquiliza e afirma que não há indícios, confira na entrevista completa abaixo:

– Há indícios de que o Covid 19 pode afetar os órgãos reprodutores? Devo me preocupar?

De acordo com as evidências científicas existentes até o momento, não há indícios de que o COVID-19 possa afetar os órgãos reprodutores. A COVID-19 é uma doença respiratória, dentro do grupo das síndromes gripais, que tem como causa o novo coronavírus. A disseminação deste vírus tem sido rápida e a taxa de infecção exponencial, o que a levou a ser classificada como pandemia. Não devemos nos preocupar com risco reprodutivo, exceto pelas questões epidemiológica e sanitária que envolvem a disseminação e contágio de grande parte da população, associado a risco significativo de mortalidade principalmente nas faixas etárias mais avançadas. Não existem relatos até o momento da presença do novo coronavírus no sêmen, óvulos e risco de contágio dos embriões.

– Como o Covid 19 pode influenciar no tratamento de fertilização?

O COVID -19 pode influenciar nos Tratamentos de Reprodução Assistida aumentando a necessidade de suporte emocional e psicológico dos pacientes, equipe médica e enfermagem. Aumentar e considerar a necessidade da utilização de ferramentas de telemedicina, visando diminuir o contato social. A continuação do tratamento deve ser considerada e individualizada, sobretudo nas pacientes que já iniciaram os medicamentos. Pacientes que consideram realizar a aspiração de óvulos devem ser aconselhadas a realizar o congelamento dos embriões. Considerando a segurança sanitária temos recomendado aos nossos pacientes sempre que possível a postergação do início do tratamento.

– Quais os cuidados que mulheres que estão passando por tratamento
de fertilização ou congelamento de óvulos precisam ter em tempos de coronavírus?

Devem ser adotadas e reforçadas estratégias de Saúde Pública tais como:

– Avaliação das condições clínicas e sociais adequadas da paciente para o início do tratamento – Lavagem apropriada das mãos
– Evitar o contato social
– Permanecer em casa se febril

– Maior utilização dos recursos de telemedicina
– Diminuição do tempo de permanência e número de visitas na clínica
– Identificação das pacientes que se tornaram sintomáticas na vigência do tratamento, recomendando a descontinuação do mesmo e adoção de orientação médica pertinente.

*Dr. Carlos Roberto Izzo

Médico e um dos fundadores da Clínica Originare – Medicina Reprodutiva, Graduado pela FMUSP em 1991, possui mais de 25 anos de atuação em medicina reprodutiva e é membro efetivo em várias sociedades científicas como SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana) e ASRM (American Society for Reproductive Medicine). É autor de várias publicações em renomados jornais científicos e capítulos de livros, além de mais de 20 publicações em revistas de circulação nacional e internacional.



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