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A pandemia e a piora dos transtornos alimentares em adolescentes: o que fazer?

Segundo nutróloga, atendimentos aumentaram em 500%. Se não tratados, os transtornos alimentares podem gerar outras doenças crônicas

Sabrina Legramandi* Publicado em 09/08/2021, às 13h33

Causas podem ser ansiedade e depressão
Causas podem ser ansiedade e depressão

O ano de 2020 trouxe muitas mudanças para adultos e também para crianças e adolescentes. Viver sob um medo constante e passar a vida em apenas um ambiente trouxeram consequências que já estão sendo sentidas. Uma delas, por exemplo, é a piora dos transtornos alimentares entre os jovens.

Nos primeiros 12 meses da pandemia, as hospitalizações por doenças como bulimia e anorexia mais do que dobraram nos Estados Unidos em relação aos três anos anteriores a 2020, segundo um estudo recente da Universidade de Michigan, publicado na revista Pediatrics.

No Brasil, a situação é a mesma e ainda há outro problema: a demora em procurar ajuda especializada. Após um levantamento comparando o primeiro semestre de 2020 com o mesmo período em 2021, a nutróloga e especialista em medicina integrativa, doutora Esthela Oliveira, percebeu que o atendimento de adolescentes aumentou em 500%.

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Para ela, o afastamento dos adolescentes de seus amigos e de atividades extracurriculares gerou mais ansiedade e, consequentemente, piorou os transtornos alimentares. Além disso, o aumento do uso das redes sociais também fez com que os jovens desenvolvessem mais essas doenças, já que no Instagram, por exemplo, a preocupação com um padrão corporal é algo constante.

Em busca de um padrão idealizado de corpo, alguns adolescentes chegam a situações extremas, que, por vezes, culminam em transtornos alimentares." (Dra. Esthela Oliveira)

Mas o que é um transtorno alimentar?

A nutróloga explica que os transtornos são comportamentos alimentares que influenciam de maneira negativa a saúde física e mental. "Basicamente o que leva um jovem a desenvolver um transtorno alimentar são questões que acontecem em sua vida e que por algum motivo os influenciam de forma negativa", diz.

Os sintomas, muitas vezes, aparecem no comportamento do jovem e, por isso, cabe aos pais estarem sempre atentos. Esthela Oliveira diz que os adolescentes passam a ficar mais quietos, apresentam uma piora na qualidade do sono, começam a comer compulsivamente e passam a ficar irritados com coisas simples.

Ela ainda afirma que, por conta da pandemia, a busca pelo diagnóstico passou a ser postergada. "Os pais demoram mais para notar as mudanças nos filhos e buscar acompanhamento médico, acreditando que pode ser só uma fase ou que é melhor esperar a pandemia passar, mas isso contribui para que os quadros piorem", ressalta a nutróloga.

Quando é o momento de buscar ajuda médica?

A nutróloga diz que é extremamente importante procurar por atendimento assim que os sintomas surgem. Quando o assunto é transtornos alimentares, uma demora para buscar ajuda pode resultar em consequências graves que podem aparecer em um curto espaço de tempo.

Esthela exemplifica dizendo que, em seus atendimentos, a maioria dos adolescentes com transtornos alimentares apresenta resistência insulínica, que, se não tratada, pode resultar em diabetes. Ela também afirma que, a longo prazo, os transtornos na alimentação também podem resultar em outras doenças crônicas.

O recomendado, quando o adolescente está sofrendo com uma doença que envolve tanto a saúde física quanto a mental, é buscar um psicólogo para tratar os transtornos mentais, um nutrólogo para auxiliar em doenças metabólicas que podem ser adquiridas e um nutricionista para que um planejamento alimentar individualizado possa ser feito.

*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe

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