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Reciclarte: conheça o projeto que visa sustentabilidade e transformar o lixo

Acontecendo em Mogi das Cruzes, no bairro do Botujuru, o projeto Reciclarte une quatro pilares: a reciclagem, a educação, a arte e o empreendedorismo

Maria Cunha* Publicado em 22/10/2021, às 11h18

O projeto fez a união de conceitos de reciclagem através de oficinas - Arquivo do Reciclarte
O projeto fez a união de conceitos de reciclagem através de oficinas - Arquivo do Reciclarte

Em parceria com a escola CEMPRE Prof. José Limongi Sobrinho, o Reciclarte é um projeto patrocinado pela Coca-Cola, com o apoio do ProAC ICMS, uma das leis de incentivo à cultura do Estado de São Paulo. De acordo com Sylvia Jardim, coordenadora do Reciclarte, o projeto foi criado, inscrito na lei, e as empresas passam a ser isentas do pagamento do ICMS, direcionando os seus recursos para projetos culturais.

“Esse projeto, originalmente, tinha sido, digamos assim, encomendado por uma outra empresa ligada à área de ferro e sucata, mas, com a chegada da pandemia, essa empresa achou por bem de direcionar os recursos a outro projeto de combate à pandemia. Passado um tempo, o Reciclarte já estava pré-aprovado e a Coca-Cola leu o projeto e achou que estava alinhado com aquilo que eles propõe”, conta Sylvia.

A coordenadora ainda explica que o Reciclarte trabalha dentro de quarto pernas: a reciclagem, a educação, a arte e o empreendedorismo. Tudo isso, trabalhando junto, para que a criança tenha autonomia.

“Nós encontramos também essa sintonia deles [Coca-Cola] de fazer projetos para crianças, de conscientização, a partir dos R’s: reuse, recicle e reaproveite. A partir disso, entramos em contato com a Secretaria da Educação em Mogi que nos apresentou a escola CEMPRE”.

Crianças na oficina do Reciclarte
Alunos da CEMPRE Prof. José Limongi Sobrinho em oficina do Reciclarte

Assista à entrevista completa com Sylvia Jardim e Deise Cardoso

O Reciclarte e a escola CEMPRE

É na escola municipal CEMPRE Prof. José Limongi Sobrinho, na cidade de Mogi das Cruzes, mais especificamente no bairro do Botojuru, que o projeto Reciclarte tem atuado. A diretora Deise Cardoso relata que tem sido um prazer receber o pessoal do projeto e realizar a parceria junto com os alunos dos quintos anos, que estão fazendo esculturas.

“É muito interessante você ver a importância deles saberem que com um parafuso, uma porca ou ruela, que não serviam e nem encaixavam mais em lugar nenhum, surgem lindas bailarinas, lindos vasos, lindos carrinhos. Cada coisa incrível que essas crianças estão fazendo, estão esculpindo do lixo para o luxo, elas estão transformando o que era pra ser jogado em arte”, conta Deise.

Além disso, a diretora conta que a escola, como um todo, está trabalhando com materiais recicláveis. Para isso, a CEMPRE foi dividida em três: os primeiros e segundos anos com papel, os terceiros e quartos anos com pet, e os quintos anos com metais.

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Por isso, o tema da exposição que acontecerá amanhã, dia 23 de outubro, na escola municipal, será “Reciclando com arte no Botujuru”. Deise explica que a escolha tem a ver tanto com o Reciclarte, como com o trabalho que todos os outros alunos estão fazendo.

“O projeto fez essa união de conceitos da reciclagem através de oficinas, os alunos estão fazendo esculturas, além dos outros projetos. Isso tudo vai atingir seu ponto mais importante em um evento, no dia 23, que vai mostrar todos os trabalhos das crianças e ser um grande dia de festividades na escola”, relata Deise Cardoso.

A diretora da CEMPRE Prof. José Limongi Sobrinho reforça que a ideia de implementar o projeto é gerar a consciência de que muitas das coisas que vemos jogadas e que levariam anos, décadas ou séculos para se decomporem, estão sendo transformadas em objetos que vão pra exposição, que vão ficar em suas casas e em brinquedos, como carrinhos e tratores.

“É algo possível, a gente sonhou com esse desenvolvimento das crianças, com essa consciência e, na verdade, os nossos sonhos foram pequenos perto do que eles tem feito. As crianças estão muito empolgadas e é legal que isso não para aqui. Esperamos que a parceria com o Reciclarte continue em outros projetos, não é algo que vai acabar após o final da exposição, porque temos essa intencionalidade de continuar e pôr em prática o que se aprendeu no projeto e ir além, não ficar na mesmice”.
Carrinho feito pelos alunos
Carrinho feito pelos alunos com materiais recicláveis

A importância de reciclar na infância

Para a coordenadora do Reciclarte, Sylvia Jardim, a infância é uma janela aberta e as criança são como esponjas, então esse é o momento mais importante para que seja possível abrir a cabeça de todos.

“As pessoas só cuidam e se preocupam realmente com aquilo que gostam, então a gente começa a despertar nas crianças, desde cedo, como cuidar dos recursos naturais, de tudo que temos na natureza e, simplesmente, não desperdiçar. É um trabalho de formiguinha”.

Já a diretora Deise Cardoso afirma ter observado na escola o quanto as crianças estão empolgadas e conta que frequência à escola também melhorou, mesmo em meio a uma pandemia, em que os pais e familiares estão um pouco resistentes de mandar os filhos para a escola.

“São os únicos que não foram vacinados ainda, a nossa faixa etária aqui é dos 6 aos 11 anos, e eles estão vindo e ansiosos por algo presencial”. Eles já começaram a ligar e perguntar se vai ter o projeto amanhã, se vai ser a turma deles, qual turma que vai pro projeto”.

Deise ainda conta que, como a escola toda está envolvida, cada fase em um determinado tipo de reciclável, os alunos já estão pensando no que vão fazer no próximo ano e levando as informações para casa

“A gente vê os pais perguntando se determinado item pode ou não ser utilizado, também teve uma mãe que mandou uma reportagem sobre como utilizar tampinhas de uma maneira diferenciada. Não é reciclar por reciclar, é reciclar com a consciência de que eu posso fazer a diferença”, explica a diretora da CEMPRE Prof. José Limongi Sobrinho.

Sylvia Jardim completa ao dizer que, embora as crianças sejam abertas, as famílias, às vezes, não são, pois os pais são de um old school onde ainda não havia uma preocupação tão grande com o meio ambiente. Então, as crianças tem esse papel de chamar a atenção dos pais.

“Muito se fala, hoje, que a pandemia é resultado da nossa displicência de enfrentar a natureza, o ser humano desafia a natureza, e a gente viu que isso não funcionou, não foi bom pra humanidade. Então, eu acho que essa coisa de ser amigo do meio ambiente é algo que o projeto visa despertar nas crianças e espero que a gente consiga”.

Crianças com suas esculturas
Alunos participando do projeto Reciclarte

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe

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