Papo de Mãe

Remédios caseiros que funcionam para a saúde das crianças

Roberta Manreza Publicado em 28/06/2015, às 00h00

Imagem Remédios caseiros que funcionam para a saúde das crianças
28 de junho de 2015


Canja de galinha ajuda a tratar resfriado? Abacaxi é bom contra má digestão? Você já deve ter ouvido dicas como essas e outras tantas que passam de geração para geração. A boa notícia é que muitas já têm o aval da medicina

Por Thais Lazzeri. Fotos Gladstone Campos. Produção Mario Mantovanni Crescer

Verduras; legumes; alimentação saudável (Foto: Crescer)

1. Cenoura faz bem para os olhos
Esse alimento é rico em betacaroteno, que se transforma em vitamina A no organismo, uma das substâncias que ajudam na formação dos olhos e das funções visuais – ela estimula a produção da púrpura visual, por exemplo, que auxilia na percepção de cores e formas. Fazê-la cozida ou assada é ainda melhor, uma vez que o calor aumenta a absorção dessa vitamina. Mas é importante lembrar que isso não significa que se seu filho comer cenoura todo dia não vá ter problemas de visão no futuro, como miopia, por exemplo, de origem genética. E também você não precisa (nem deve) oferecer cenoura em todas as refeições. Afinal, outros alimentos de tons alaranjados, como mamão e abóbora, são fontes dessa vitamina também.

2. Farelo de aveia controla o colesterol
Funciona assim: as fibras presentes no farelo “sequestram” o colesterol, e depois tudo é descartado nas fezes. Uma pesquisa feita em Chicago (EUA) mostrou esse benefício em adultos, mas os especialistas garantem que a dica vale para crianças. Você pode dar diariamente para o seu filho, uma vez que as fibras também ajudam o intestino a funcionar. Acrescente três colheres de sopa rasas por dia às refeições – mas não pode aquecer a aveia, porque aí ela perde um pouco dessa função.

3. Vinagre acaba com as lêndeas
E não é que funciona mesmo! A diluição de vinagre na água (uma parte do produto para a mesma quantidade de água) cria um meio ácido, dissolvendo a gordura que prende a lêndea (o ovo do piolho) ao cabelo – cada piolho pode viver até dois meses na cabeça e botar 300 ovos nesse período. Uma opção prática é passar a solução à noite na cabeça do seu filho, colocar uma touca de plástico para que o cheiro não incomode tanto e, pela manhã, usar um pente fino para retirá-las. O ideal é aliar esse método aos tratamentos convencionais, feitos com produtos específicos contra piolhos, que o pediatra pode indicar. Atenção: nem pense em utilizar inseticida. Eles são altamente perigosos e tóxicos, podendo causar lesão no couro cabeludo, alergia e dermatite, entre outros.

4. Bandana com gelo alivia a dor de cabeça
Um estudo brasileiro realizado ano passado pela Sociedade Brasileira de Cefaleia mostrou que mais de 80% das crianças e adolescentes já tiveram, pelo menos uma vez, dor de cabeça. E uma das maneiras de aliviar o incômodo é colocando gelo na cabeça. Isso porque, quando a dor aparece, os vasos sanguíneos se dilatam, aumentando a dor. Quando você refrigera, reduz essa sensação de incômodo.

5. Assoprar machucado reduz a dor
Incrível, não é? Quando você assopra, é como se fizesse com que o cérebro se desligasse um pouco do incômodo causado pela dor. Sempre procure abanar em vez de assoprar, porque as bactérias presentes na boca e na saliva podem infeccionar o local. Outra boa opção para aliviar o desconforto é resfriar a região, uma vez que o local do machucado fica com a temperatura elevada. E vamos combinar: o carinho que a criança recebe depois do susto também acalma.

6. Beber água faz passar o soluço
Pode ser água ou qualquer outro líquido: vai funcionar. Mas primeiro é preciso explicar por que o soluço acontece. A causa mais comum é uma irritação do chamado nervo frênico, que aciona os movimentos do diafragma. Quando seu filho engole o líquido, passa a estimular um padrão de normalidade na respiração, e a tendência é que o soluço regrida até sumir.

7. Machucado cura mais rápido se não for tampado
Joelho ralado. Essa é a máxima da infância – todo mundo já se machucou alguma vez, e com seu filho não vai ser diferente. Quando for superficial, lave com água e sabão e deixe secar naturalmente (seque ao redor, apenas), sem fazer curativo. Isso acelera o processo de cicatrização. Se ficar mais avermelhado, dolorido, se sair secreção ou se aumentar a temperatura ao redor do machucado, ligue para o pediatra.

8. Café deixa a criança mais agitada
É verdade, e você precisa, mesmo, controlar a quantidade de cafeína que seu filho consome por dia, porque ela estimula o sistema nervoso central – e isso até ele chegar na adolescência. Tudo bem colocar um pouco no leite a partir de 2 anos, mas puro deve ser evitado. O excesso, além de deixar a criança mais elétrica, causa irritação, dificuldade de concentração e até insônia. Qual é a quantidade ideal? A recomendação americana e canadense é 45 miligramas por dia de cafeína para crianças, e entram nessa conta refrigerantes e chocolates (um copo de refrigerante ou dois tabletes de chocolate já têm essa quantia). Uma xícara pequena de café tem cerca de 70 miligramas.

9. Chá de erva-cidreira acalma o bebê
Isso acontece porque essa erva tem, de fato, efeito calmante, mas nada de chá antes do bebê completar 6 meses. E não precisa acrescentar açúcar – aliás, o ideal é que você não ponha.

10. Peixe acelera o raciocínio
Você já deve ter ouvido falar nele: o ômega 3, um nutriente presente nos peixes que ajuda no desenvolvimento do sistema nervoso central. Pesquisas mostram que ele estimula as sinapses entre os neurônios, que atuam na capacidade de transmissão de informações. Em outras palavras, o raciocínio fica mais rápido. E não para por aí. Estudos já revelaram que ele tem um efeito protetor contra a asma e evita até o acúmulo de gordura nas paredes das artérias. O baixo consumo estaria associado a problemas de comportamento, como dificuldade para se concentrar. Ofereça pelo menos três vezes por semana – os peixes de água fria (sardinha, atum e salmão) são os mais ricos com esse nutriente.

11. Maisena para tratar assadura
O calor e a umidade presentes na fralda podem provocar assaduras no seu bebê. Quando perceber que a pele vai começar a ficar vermelhinha (e o suor é o grande vilão), ponha um pouco de maisena no bumbum toda vez que for trocá-lo. Fique tranquila: ela não tem o mesmo prejuízo do talco – que pode causar crises respiratórias na criança – porque o pó não é tão fino e não tem perfume. Na hora de higienizar, use água morna e seque bem. Se perceber que a situação não melhorou, converse com o pediatra.

Alimentos (Foto: Gladstone Campos)

(Foto: Gladstone Campos)

12. Canja de galinha ajuda a tratar gripe

Diferentemente do que você deve ter ouvido por aí, canja de galinha não vai curar a virose. Mas é certo que vai fazer com que seu filho se sinta melhor porque a composição dessa receita repõe vitaminas, minerais, carboidratos e proteínas, que favorecem a recuperação em casos de doenças virais e inflamatórias – e o calor ainda ajuda a expectoração. Isso, combinado com repouso, é sucesso garantido. Outro conhecido aliado contra a gripe é a vitamina C, presente no suco de laranja. Mas, para conseguir essa proteção, seu filho teria de consumir até cinco unidades dessa fruta por dia – e isso soma muitas calorias.

13. Alho faz a picada de inseto parar de coçar
O cheiro não é convidativo, mas passar alho descascado logo depois que seu filho tomou uma picadinha vai reduzir a coceira, uma vez que ele tem propriedades anti-inflamatórias. Apesar de ser fonte de zinco e selênio, que dão uma ajuda para o sistema imunológico, o alho não vai curar a mordida. Mas ele vai tratar do incômodo. Converse com o pediatra e veja qual medicamento você pode usar.

14. Gengibre melhora dor de garganta e enjoo
Sim, ele tem essas duas propriedades (além de dar um toque especial em várias receitas): é antiermético (reduz a liberação da bile, que aumenta a sensação de náusea), e tem ação anti-inflamatória, que contribui para melhorar a dor de garganta. Uma opção bem prática é descascá-lo e fazer infusão com água. No caso de enjoo, sirva o chá em temperatura ambiente ou frio, porque o calor faz a bile ser liberada, aumentando o desconforto. Outra dica é ralar e colocar no preparo de alguma carne ou na salada.

15. Linhaça, abacaxi e ameixa ajudam o intestino a funcionar
Não é difícil encontrar um produto nas gôndolas do supermercado que tenha linhaça. Considerada um alimento funcional, é rica em fibras, que auxiliam para o intestino trabalhar melhor. Prefira a linhaça dourada já moída, porque aí você tem um aproveitamento melhor da fibra. Vale misturar no leite, colocar nas frutas e até em bolos. Ameixa preta também atua no mesmo esquemaque a linhaça – uma boa sugestão é batê-la no liquidificador com iogurte. Já o abacaxi possui uma substância, a bromelina, que auxilia na quebra das moléculas de gordura que vão ser absorvidas pelo organismo, facilitando o processo de digestão e o trabalho do intestino. Mas não se esqueça: para o intestino do seu filho funcionar bem, ele precisa ter uma dieta saudável, comer frutas, legumes e verduras e consumir líquidos também, que ajudam na formação do bolo fecal.

16. Água com açúcar dá sensação de bem-estar
Caiu, se machucou, e lá vinha alguém trazendo logo um copo de água com açúcar. Quantas vezes você tomou quando era criança? As pesquisas mostram que o açúcar, assim como o chocolate, libera serotonina, que dá sensação de prazer e bem-estar. Mas o açúcar, por si só, não tem propriedade calmante. Não se pode esquecer também que, quando chega a água com açúcar, a criança já está recebendo afeto e atenção, que ajuda (e muito) a deixar qualquer um mais tranquilo.

Frutas e cereais (Foto: Gladstone Campos)

(Foto: Gladstone Campos)

17. Maçã e frutas vermelhas fortalecem o sistema imunológico 
Sim, todas elas têm essa mesma propriedade: de se aliar ao nosso sistema de defesa, uma vez que são antioxidantes potentes, evitando o envelhecimento das células (por isso garantem uma pele bonita). O adulto, que, quando criança, consumiu mais desses alimentos, vai estar protegido contra agentes invasores.

18. Mel funciona contra a tosse
O mel melhora a tosse porque inibe a proliferação de bactérias e reduz desconfortos da deglutição. Mas só pode ser dado para maiores de 1 ano e sabendo qual a procedência do mel. Dê duas a três colheres por dia puro, ou misturado com chá.

19. Chá verde reduz a diarreia
Sabe aquela história “comi alguma coisa que não me fez bem?” Pois é, também acontece com as crianças, e esse chá é indicado para essas situações. Não se trata de cura, mas com ele você consegue aquela brechinha para sair correndo de casa e levá-lo até o hospital sem acidentes no percurso. Por ser fonte de cafeína, deve ser dado para crianças a partir de 2 anos.

20. Banho morno baixa a febre
Se a criança estiver com febre, primeiro ligue para o pediatra para ver se é pertinente o uso de alguma medicação. Até que o remédio comece a agir, o que pode levar até 40 minutos, dê um banho morno mais para frio, de imersão ou no chuveiro, de cinco a dez minutos. Assim, o corpo perde calor para a água. É um paliativo enquanto a medicação não funciona.

Para tomar Cuidado
Assim como existem muitos tratamentos caseiros que são eficazes, há aqueles que não funcionam ou até que podem fazer mal ao seu filho. Colocar café para estancar o sangramento é um deles. Além desse alimento não ter essa propriedade, ou seja, não vai funcionar, há o risco de irritar ainda mais o local, prejudicando um futuro tratamento. Usar azeite quente para tratar dor de ouvido também é lenda, e pode piorar alguma lesão existente. O melhor é fazer compressa quente, com uma fralda de pano, por exemplo, e ligar para o pediatra. Outra dica que passa de geração para geração é tratar queimaduras com pasta de dente ou pomadas. Há um risco de a situação ficar ainda pior ou de infeccionar o local. Se a queimadura for leve, lave a região com água fria e ligue para o pediatra. Se for grave, fale com o médico a caminho do pronto-socorro.

Fontes: Carlos Brunini, pediatra, médico homeopata, professor da Faculdade de Ciências da Saúde (SP); João Ernesto de Carvalho, biomédico, coordenador da Divisão de Farmacologia e Toxicologia do CPQBA da Universidade Estadual de Campinas (SP); José Gabel, pediatra, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria; Gilberto Simeone Henriques, nutricionista, professor da Universidade Federal de Minas Gerais; Marcelo Reibscheid, pediatra e neonatologista do Hospital São Luiz (SP); Renata Lamonica, homeopata, da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (SP) ; Roberto Mario Issler, pediatra, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul




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