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Síndrome de Down e a real inclusão

21 de março é dia Internacional da Síndrome de Down e a colunista Thaissa Alvarenga da ONG Nosso Olhar fala sobre o que é a real inclusão

Thaissa Alvarenga* Publicado em 21/03/2022, às 08h16

Thaissa Alvarenga e os filhos. Chico, o mais velho, tem Síndrome de Down
Thaissa Alvarenga e os filhos. Chico, o mais velho, tem Síndrome de Down

Quando temos alguém na família com deficiência experienciamos, de fato, a real inclusão. Nesse dia tão importante quando se comemora o Dia Internacional da Síndrome de Down, precisamos falar mais sobre inclusão.

Inclusão começa no núcleo familiar. É dentro da família que precisamos trabalhar o significado da deficiência (vamos lembrar que a trissomia 21 nada mais é do que uma alteração genética do cromossomo 21, a terceira cópia do cromossomo 21), e o entendimento de que o indivíduo com a deficiência tem emoções, desejos e desafios próprios e únicos. É também na família que nasce o primeiro movimento pela inclusão: levar nossas experiências para que a sociedade tenha conhecimento sobre um assunto às vezes cheio de preconceito.

Falar de inclusão é alertar para que as escolas acolham nossas crianças e promovam trocas e aprendizados diários por conta da convivência entre pessoas diferentes e singulares.  

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No mundo corporativo, precisamos levantar a bandeira pela mudança de cultura, com conversas de sensibilização, formação de comitês que coloquem em prática uma mudança real de mindset orientada para um novo mercado de trabalho que não cumpra apenas a lei de cotas.

Incluir o tema na educação é fundamental. Nossa futura sociedade precisa olhar e descobrir a riqueza que é o diferente. Todos somos únicos e portanto, diferentes. 

A bandeira da síndrome de Down precisa ser erguida, para que os individuos que nasceram com ela sejam vistos como pessoas com grande potencial de crescimento e que têm desafios específicos, mas que podem estudar, se empregar, morar sozinhos e ter autonomia. Precisamos mostrar tudo isso para que a sociedade crie um real movimento transformador.

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Nesse dia, eu como mãe e empreendedora social, fundadora da ONG Nosso Olhar, instituição que propõe trazer esse olhar para sociedade, convoco a todos a acolhem a causa, se sensibilizarem pelo impacto que uma nova educação e ação podem gerar. 

Juntos conseguiremos montar novas políticas públicas, orientadas para que todas as famílias, mesmo as que não tenham algum familiar com deficiência intelectual, possam experimentar a convivência com nossos únicos e diferentes indivíduos. 

A síndrome de Down é uma alteração genética, e por trás disso, sempre existe um ser humano que anseia e busca ser aceito na sociedade. 

Nesse dia, que nós possamos fazer com que a sociedade olhe para essa pessoa e queira aprender com ela. Porque todos aprendemos o tempo todo, com todos ao nosso redor. 

Meu chamado é por uma sociedade que mude o foco, deixando de olhar para a síndrome e passando a olhar para o ser humano. 

De nada basta, eu como mãe, proporcionar tudo para meus filhos e especialmente ao Francisco, que veio ao mundo com síndrome de Down, se o mundo não está aberto para aprender com meu filho. 

O aprendizado é de todos, todos temos o direito de ensinar e aprender. Que a sociedade abra seu coração e amplifique seu olhar para aprender. Só assim todos os dias serão o dia daquele ser humano que nasceu com síndrome de Down. 

Busquemos essa consciência. Nosso foco é sempre o indivíduo: bem preparado, autônomo, feliz e especialmente acolhido e incluído.

*Thaissa Alvarenga é criadora da ONG Nosso Olhar, do portal de conteúdo Chico e suas Marias e do canal do youtube Inclua Mundo.

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