Papo de Mãe

Transtornos da voz e da fala: Desenvolvimento da Comunicação

pmadmin Publicado em 06/02/2012, às 00h00 - Atualizado em 19/09/2014, às 19h37

Imagem Transtornos da voz e da fala: Desenvolvimento da Comunicação
6 de fevereiro de 2012


Olá a todos!

No programa de ontem falamos sobre a importância da saúde da voz e sobre os principais problemas que podem acometer a fala de nossos filhos.

Língua presa, língua solta, troca de fonemas, rouquidão, calos vocais, gagueira e mais uma série de outros transtornos merecem a nossa atenção. Quanto mais cedo identificado o problema, maiores as chances de cura.

E como pudemos constatar  no programa, seja qual for o distúrbio, existe tratamento. Basta procurarmos ajuda e não esperarmos que o “tempo” o corrija. As crianças em idade escolar podem ter muitas dificuldades de relacionamento e aprendizado por conta dos distúrbios da fala e, não raras as vezes, necessitarem de um acompanhamento psicológico, além do fonoaudiológico.

O primeiro profissional a ser consultado deve ser o pediatra da criança. Ele saberá orientar os pais sobre qual  o profissional  deve ser procurado. Pode ser que, num primeiro momento, a criança passe por uma avaliação com o otorrinolaringologista e, depois, siga para o fonoaudiólogo, mas tudo isso vai depender de cada caso.

A Dra Leny Kyrillos, fonoaudióloga especialista em voz, que esteve presente em nosso programa, preparou este esquema básico sobre o desenvolvimento da comunicação infantil. A partir dele é possível termos uma noção do desenvolvimento da linguagem na criança. Vale lembrar que, ao longo da semana, continuaremos a debater o tema aqui no blog e vocês terão acesso a mais informações sobre os problemas, cuidados e tratamentos dos transtornos da voz e da fala.

DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃOPor Leny Kyrillos*Áreas consideradas:     Fala – articulação;    Linguagem;    Audição;     Fluência;    Voz;         Motricidade oral e funções;   Código gráficoFatores facilitadores:  exposição à linguagem e à fala (modelo);  interação com o meio (construção do vocabulário); condições orgânicas favoráveis (inteligência, integridade sensório-motora e neurológica);    motivação interna (desejo e necessidade de se comunicar)Fala – articulação:a aquisição dos fonemas ocorre: do mais fácil para o mais difícil, do mais visível para o mais oculto.                          

Idades:
18meses – b,m,p


2anos –  t,d,n


2a6m – k,g,nh


3anos – f,v,s,z


3a6m – ch,j


4anos – l,lh,r,rr,arquifonemas e grupos consonantais


5anos – aquisição completa

Linguagem:

–          conceito mais amplo


–          capacidade de se comunicar, de compreender e ser compreendido


–          media a constituição do indivíduo, a formação de seu pensamento


–          primeira manifestação: choro, diferenciado para cada situação


Idades:


2m – identificação da voz materna e lalação (vogal /a/ e sons guturais)


5m – balbucio


7m – balbucio intencional, comunicativo


10 a 14m – primeiras palavras


18m – 10 a 20 palavras inteligíveis


2anos – 200 palavras isoladas


2a6m – frases simples


3 anos – frases completas e 80% do vocabulário já compreensível


4 anos – linguagem plenamente desenvolvida

Obs: é mais importante o domínio e a propriedade dos conceitos, que o número de palavras.Audição:

–          fundamental para o desenvolvimento da fala

–          pequenas perdas auditivas, na maioria das vezes por otites, quando não identificadas e tratadas, podem comprometer a aquisição dos fonemas

Idades:

até os 6m – etapa proprioceptiva – nenhuma interferência da pista auditiva.

A partir dos 6m – etapa proprioceptiva-auditiva – percepção auditiva passa a regular a comunicação (grande importância do meio).

Obs: aqui, a criança com surdez profunda pára de emitir sons.

8m – início e aperfeiçoamento gradativo da localização sonora. Voz:

–          presente desde o nascimento, acompanha o desenvolvimento do indivíduo

–          reflete a personalidade, o estado interior, o meio sócio-cultural

–          há várias possibilidades de ajustes motores para a produção da voz: às vezes a criança seleciona um ajuste forçado, e a lesão mais comum é o nódulo vocal (alteração do comportamento vocal)

–          na primeira infância: incidência de alterações congênitas que afetam a voz (laringocele, laringomalácia, sulco vocal, cistos, síndromes genéticas)

–          disfonia não é normal: é um sintoma que deve ser investigado! Motricidade oral e funções:

–          o desenvolvimento da musculatura oral e peri-oral inicia-se com a amamentação

–          falta de treino adequado, devido a problemas na alimentação, hábitos inadequados (chupeta, dedo) e dificuldade de respiração nasal comprometem este desenvolvimento e geram hipotonia

–          as funções relacionadas a esses órgãos ficam alteradas: respiração, sucção, mastigação e deglutição

Fluência:


–          desenvolve-se plenamente a partir dos 2 anos e meio de idade


–          por volta dos dois anos, há um período de “gagueira fisiológica”, reflexo da insegurança da criança em relação ao código: a atitude positiva da família é fundamental; ouvir com paciência, sem chamar a atenção da criança, sem criticar ou tentar adivinhar. A expectativa é que se resolva até os 2a6m.

Código Gráfico:

–          a criança só deve ser exposta ao código gráfico quando já tiver passado por todas as fases anteriores (conceito de prontidão)

–          num primeiro momento, são comuns as trocas visuais (s-ç-ss-sc,j-g,x-ch) e o espelhamento

–          trocas auditivas(p-b,t-d,c-g,s-z,f-v,ch-j) precisam ser identificadas e tratadas o mais cedo possível

–          estímulo inicial à elaboração, ao conteúdo gráfico, e não à forma

–          leitura silabada é comum até o final da segunda série, mas a compreensão deve estar presente

Obs: na escola, é interessante observar se alguma criança destoa do desenvolvimento do grupo, porém cada um só deve ser comparado com ele próprio, no decorrer do tempo. O professor pode e deve auxiliar as crianças e passarem por essas fases, atuando como um facilitador deste processo, e reconhecendo precocemente prováveis distúrbios.

Fonte: BOONE & PLANTE, 1994

*Dra Leny Kyrillos é fonoaudióloga especialista em voz. Participou como especialista convidada do programa Papo de Mãe sobre “fala e voz” exibido no dia 05.02.2012.




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