A evasão escolar no Brasil dispara na pandemia de Covid

A evasão escolar custa 214 bilhões de reais por ano ao país, de acordo com um estudo divulgado pelo INSPER, instituto de ensino superior e pesquisa, em 2020

Raphael Preto Pereira* Publicado em 22/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h39

O abandono da escola costuma ocorrer com grupos que já estão marginalizados no acesso à educação. -

O projeto de lei das vereadoras Cris Monteiro e Janaina Lima, do Novo, procura estabelecer uma política municipal para a evasão. “O orçamento para a educação em São Paulo é de 14 bilhões de reais para este ano, e o projeto não envolve muito investimento do município, é apenas um processo de normatização, para que se possa desenvolver uma política de normatização para amparar os alunos.

Para evitar que eles entrem nesse processo de abandono”, explica a vereadora Cris Monteiro. A maioria do público que acaba evadindo faz parte de um público que chegou apenas recentemente ao contexto escolar. 

Até 2005, a educação obrigatória ia entre os oito e os quinze anos. Foi só a partir de uma emenda constitucional que a educação passou a ser obrigatória até os 17 anos.

Mesmo quando um estudante consegue voltar para a escola após um período maior que um ano sem frequentá-la, ele entra em outra estatística perversa, a da distorção idade-série. A estatística que é medida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), quantifica o número de alunos atrasados em relação à série que estão atualmente matriculados.

Outra possibilidade para o estudante que quiser voltar a frequentar a escola depois de um período de tempo é a matrícula na Educação de Jovens e Adultos (EJA), mas a pandemia diminuiu  a procura por este tipo de modalidade de ensino. Em 2019,  houve mais de três milhões de matrículas nesta modalidade de ensino.

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Pandemia: 1,38 milhão de alunos deixaram a escola.

O atraso na conclusão dos estudos também gera um custo. Por isso, segundo a parlamentar, é preciso combater a evasão logo no início. “Ou combatemos a evasão onde ela se inicia e identificamos quais são de fato os problemas diretamente relacionados com a evasão, ou essas crianças acabarão não voltando para a escola”, lamenta a vereadora Cris. 

A maior parte dos estudantes que evadem a escola é afetada pela chamada “cultura do fracasso escolar”. Por conta da pandemia, o número de estudantes com idade entre entre 6 e 17 anos que deixaram a escola foi de 1,38 milhão. Quase 4% do total de estudantes. A taxa, portanto, quase dobrou se comparada a de 2019, quando foi de 2%.

O abandono escolar geralmente fica concentrado em regiões do norte e do nordeste e atinge principalmente crianças negras, indígenas e com deficiência.   

Ao observar o total de matrículas afetadas pelo problema da distorção idade-série, constata-se que o ensino fundamental  é o mais atacado, a defasagem atinge 22,7%  das matrículas no ensino médio  e 26,2% das matrículas dos anos finais do ensino fundamental.     

Para a vereadora Juliana Cardoso (PT- SP), é necessário pensar em como as crianças estão lidando com a questão da pandemia.“ É preciso entender que os mais prejudicados pela questão da evasão escolar são as crianças mais pobres e também é necessário olhar para todos os setores que estão prejudicados pela atual situação da educação e que dependem, mesmo que indiretamente, do bom funcionamento  do sistema escolar. Todo mundo faz parte desse combate; o funcionário da escola, a merendeira, o condutor do transporte escolar”, afirma. 

A vereadora Cris concorda que é preciso criar um senso de coleguismo entre todos os entes da educação. “Precisamos descobrir maneiras para buscar esse aluno que está saindo da escola e descobrir o real motivo”, alerta. 

O projeto foi aprovado em primeira votação na câmara e precisa passar por mais uma votação no plenário Não há data para que isso aconteça.

*Raphael Preto Pereira é repórter colaborativo do Papo de Mãe


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