Amamentação também é cultura e educação

Mais educação sobre amamentação: o pediatra Moises Chencinski fala sobre a falta de informação de profissionais de saúde

Dr. MOISES CHENCINSKI* Publicado em 09/02/2022, às 16h15

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A Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) é celebrada, mundialmente, de 1 a 7 de agosto, desde 1992. A cada ano, a WABA (World Alliance for Breastfeeding Action) determina um tema a ser abordado que é adotado para ser trabalhado pelas pessoas que atuam na área do aleitamento materno.

Assista ao Papo de Mãe sobre amamentação: 

Em 2.021, o tema foi: Proteger a Amamentação: Uma Responsabilidade de Todos. Muitas vezes, as abordagens são reforçadas em várias campanhas, com óticas diferentes. Em um e-book disponibilizado pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), é possível conhecer toda essa trajetória. Para 2.022, se retoma o tema que foi tratado apenas na campanha de 1.999: Amamentar: educar para a vida (aqui do site da WABA, mas pode ser visto em português, no E-book, página 14).

E o tema ainda está em inglês, aguardando a nossa tradução mais adequada: STEP UP FOR BREASTFEEDING: EDUCATE AND SUPPORT. Em uma tradução inicial, livre (minha) pode ser entendido como: “Incentivar a amamentação: Educar e Apoiar.”

Dicionário, né?

INCENTIVAR: Dar incentivo a; encorajar, estimular

EDUCAR: Dar ou oferecer (a alguém) conhecimentos e atenção especial para que possa desenvolver suas capacidades intelectuais, morais e físicas. Transmitir conhecimento a; ensinar, instruir. Fazer (alguém) adquirir certos costumes e princípios exigidos por uma sociedade civilizada (interessante).

APOIAR: Dar apoio a; aprovar, corroborar, respaldar. Ajudar-se mutuamente; acudir-se, amparar-se, auxiliar-se.

Foco dessa campanha deveria ser a educação, em um conceito mais amplo.

Frases para reflexão (filosófico? Não. Prático)

Educar transforma. Transforma indivíduos, países, civilizações. E isso, logicamente, incomoda. E quando começa esse educar? Algumas

Veja também: 

E os profissionais de saúde?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase dois em cada três bebês não são amamentados exclusivamente até os seis meses de idade, fato que não melhorou em décadas.

Uma revisão recente, realizada por membros do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia, da UFRJ, avaliou o conhecimento dos profissionais de saúde (PS) sobre amamentação e fatores que levam ao desmame.

Enfermeiros, médicos, parteiras, nutricionistas, técnicos de enfermagem, socorristas, educadores em saúde, farmacêuticos, agentes comunitários de saúde, auxiliares de consultório e auxiliar de dentista estavam nesse grupo. Não foi encontrado nenhum estudo abordando o conhecimento dos dentistas.

Apesar de muitos profissionais concordarem que desempenham um papel importante na abordagem da amamentação e que atuam diretamente nesse processo, o estudo mostrou que o treinamento prático sobre as técnicas de amamentação é insuficiente, havendo necessidade de complementação em cursos e palestras.

Mesmo nas questões teóricas, foi demonstrado nessa revisão, um desconhecimento dos profissionais sobre a duração do aleitamento materno e que a amamentação com alimentos complementares deve ser continuada até os dois anos de idade ou mais.

Isso sem contar alguns dos PS pesquisados terem opiniões negativas sobre a amamentação até os vinte e quatro meses e quase metade ter recomendado que as crianças sejam amamentadas apenas até os doze meses.

A educação em saúde pode ser considerada um processo que induz mudanças comportamentais relacionadas à saúde, não apenas individual, mas também coletiva.

Assim, o tema da Semana Mundial de Aleitamento de 2.022 – “Incentivar a amamentação: Educar e Apoiar” – é fundamental para mudanças na cultura e nos rumos da percepção sobre o aleitamento materno, no Brasil e no mundo.

Ressignificando uma frase que todas as vovós já ouviram e repetiram: “Educação vem de berço”.

Somos mamíferos e nosso instinto é de amamentar as crias. Não há idade mínima para educarmos a respeito de amamentação. Profissionais de saúde foram lactentes um dia. Talvez não se lembrem disso. Nunca será demais recordar. Especialmente nos bancos das Universidades.

*Dr.  Moises Chencinski , pediatra e homeopata.

Membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Autor dos livros HOMEOPATIA mais simples que parece, GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego, É MAMÍFERO QUE FALA, NÉ? e Dicionário Amamentês-Português
Editor do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

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