Menino Maluquinho, de Ziraldo, agora tem amiguinho com síndrome de Down

Cartilha desenvolvida pela Ziraldo Produções e pela ONG Nosso Olhar quer inclusão de pessoas com deficiência. O assunto é sério, mas pode ser tratado com leveza. Hoje é Dia Internacional de Conscientização da Síndrome de Down

Raphael Preto Pereira* Publicado em 21/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h52

A iniciativa foi capitaneada pela Ziraldo Produções e pela Ong Nosso Olhar, presidida por Thaissa Alvarenga, publicitária e colunista do Papo de Mãe -

Desde 1980, quando o primeiro livro de o “Menino Maluquinho” foi publicado, o personagem criado por Ziraldo já passou por diversas adaptações para cinema, teatro e televisão. Além de Gibis e edições especiais e temáticas. Desta vez, uma série de cartilhas será lançada a partir de  21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down. A intenção é pautar o tema da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

A iniciativa foi capitaneada pela Ziraldo Produções e pela Ong Nosso Olhar, presidida por Thaissa Alvarenga, publicitária e colunista do Papo de Mãe. Thaissa deixou uma bem sucedida carreira de executiva no mercado publicitário e enveredou para o ativismo social quando descobriu, ainda na gravidez, que seu filho, Francisco, hoje com sete anos, tinha síndrome de Down.

Menino Maluquinho, Chico e as Marias

“Quando fiz essa descoberta, não quis nem voltar para a minha carreira de publicitária. Resolvi mergulhar no ativismo social, tive apoio do meu esposo  e da minha família, mas a gente sabe que, às vezes, isso não acontece. Muitas mães, ao ter filhos com deficiência, acabam abandonadas pelos pais de seus filhos”, lamenta a publicitária.

Veja também:

Thaíssa criou a “Nosso Olhar” para potencializar uma rede com informação, educação e troca de ideias sobre inclusão. “Eu tive uma rede muito forte de apoio e entendi o quanto isso foi importante para criar o Francisco, quero replicar essa rede pelo Brasil inteiro”, explica. 

Menino Maluquinho e Chico

A história da cartilha começa  a partir da interação do Menino Maluquinho  com Chico, um garoto com síndrome de Down, e suas duas irmãs, Maria Clara e Maria Antonia (os 3 filhos de Thaissa). Para o autor das histórias Manuel Filho, que trabalhou, em parceria com Ziraldo na criação das cartilhas, “A diferença é um tema que pode ser tratado com tranquilidade com o público infanto juvenil”. 

Thaissa, Chico, Maria Clara e Maria Antonia

Manuel se lembra que quando era pequeno estudou com uma criança com deficiência. Infelizmente, a experiência não durou muito tempo: “Ele saiu rapidamente da escola, provavelmente porque naquela época não havia tanta preocupação com a inclusão de pessoas com deficiência como existe hoje”. 

O ilustrador contou detalhes sobre a pesquisa para a cartilha  “Quando eu estava pesquisando referências para produzir as cartilhas, me deparei com uma frase maravilhosa: Não é possível preparar uma escola especial  porque as crianças com deficiência não vão encontrar um mundo especial, é verdade! Eles têm uma vida normal, trabalham, estudam. Não é possível criar um mundo especial para ninguém. Temos que colocar todo mundo no nosso mundo”, conclui Manuel. 

“A história começa com Chico e Maluquinho andando cada um de um lado na rua e sozinhos.  Se cruzem e dizem, Oi! Depois, o Menino Maluquinho, ao se lembrar dessa cena, recorda que Chico carregava um livro. E a partir daí, a história engrena.” (MF)

O escritor Manuel Filho

Apoio para Educação Inclusiva

Um dos principais objetivos de Thaissa  é que a obra seja utilizada em escolas como um material que ajude na conscientização da necessidade da educação inclusiva:

“A ideia é que o  material chegue às escolas para os estudantes e educadores. E sirva como um apoio para o desenvolvimentos dos processos inclusivos”. (TA)

Chico brincando de Maluquinho

A educação inclusiva é um modelo em que, pessoas com e sem deficiência estudam na mesma sala, com o mesmo professor, e aprendem o mesmo conteúdo.

“Francisco sempre estudou em escola regular, mas na nossa rede escutamos muitos depoimentos de mães que têm dificuldades em matricular seus filhos numa escola regular. Seja ela pública ou particular. É muito comum que batam a porta na cara, dizendo que não tem vaga”, denuncia Thaissa.

Agora, a ONG Nosso Olhar procura apoiadores para fazer versões acessíveis das cartilhas produzidas em parceria com Ziraldo. A ideia é que elas sejam distribuídas também em braile. 

Além da iniciativa da cartilha, a “Nosso Olhar” tem vários projetos relacionados com conteúdo de mídia, como o programa “Inclua Mundo”, disponível no Canal do Papo de Mãe no Youtube. 

Clique aqui e baixe a cartilha agora mesmo.

*Raphael Preto Pereira é jornalista

Confira também

O cartunista Ziraldo

Homenagem a Ziraldo no Programa Papo de Mãe, com participações do escritor Manuel filho e de Zélio, irmão do escritor e cartunista:

papo de mãeSíndrome de Downchico e suas mariasONG Nosso Olhardia da sindrome de downmenino maluquinhoziraldo

Leia também

Teleton 2021: após 4 anos de queda, objetivo é resgatar doações


Homenagem à Amazônia: a nova canção da Palavra Cantada


O risco da depressão na adolescência: em média, dois jovens tiram a própria vida por dia


Os animais de estimação deixam a vida das crianças mais ativa e feliz?


É a pessoa com deficiência que precisa se adaptar à instituição de ensino ou é a escola que deve estar pronta para recebê-la?