Primeira vereadora com síndrome de Down do Brasil: uma vitória para a inclusão

Em sua campanha, a vereadora Luana Rolim de Moura reforçou o compromisso em lutar por políticas públicas para as pessoas com deficiência

Thaissa Alvarenga* Publicado em 27/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h47

A vereadora Luana Rolim de Moura também é fisioterapeuta -

Pais e mães se esforçam o tempo todo para ver seus filhos realizando sonhos. Por isso, divulgar histórias de sucesso e superação sobre pessoas com síndrome de Down é tão importante, pois mostra que eles podem sim voar muito alto. Luana Dallacorte Rolim de Moura é um desses casos. Aos 26 anos, ela se tornou a primeira vereadora com trissomia 21 do Brasil.

Sempre sonhou ser fisioterapeuta. Depois de concluir a graduação, decidiu atuar como fisioterapeuta domiciliar, o que sempre foi motivo de orgulho para ela e a família. Passou a dedicar-se à reabilitação de crianças e pessoas com necessidades específicas, algo que ela sempre desejou. Mas, ela não parou e resolveu investir em um interesse que a acompanhava desde pequena, a carreira política. “Gostava de participar dos atos políticos junto ao meu pai, Pedro Tadeu Rolim de Moura. A política me chamava atenção e meus familiares sempre estiveram envolvidos na política, isso foi gerando em mim o interesse de um dia fazer a diferença na Câmara dos Vereadores de Santo Ângelo (RS) e colaborar para uma sociedade mais inclusiva.”

A partir daí veio a ideia de se candidatar, pois ela sempre gostou de política e seus pais a apoiaram nessa decisão. A fisioterapeuta contou que chegou a ser procurada por vários partidos quando ainda estudava, mas antes preferiu concluir a graduação. Então, depois da conclusão, optou por disputar uma vaga na Câmara pelo Partido Progressistas.

Luana em campanha

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“A campanha não foi nada fácil. Tive dificuldades para achar uma equipe de trabalho. Tudo estava muito restrito por causa da pandemia, mas com muita força de vontade e um ideal para seguir fomos em frente. Com a ajuda dos meus pais, parentes e amigos, fizemos a campanha com caminhadas e nas redes sociais. Por ser a primeira vez de candidatura e com todas dificuldades, fiz uma votação expressiva de 633 votos, ficando como primeira suplente do Partido Progressistas”, recordou Luana.

A sua grande motivação foi a vontade de fazer a diferença na Câmara do Vereadores, lutar por mais inclusão, menos preconceito e por uma Santo Ângelo melhor, dando voz e vez para as pessoas com deficiência. E todo esse trabalho foi ainda mais festejado quando Luana, no dia 15 de março, foi empossada vereadora para substituir o vereador titular do seu partido, Nivaldo Langer de Moura, até então afastado.

A sua posse foi considerada um marco histórico para ela, sua família e por todas as pessoas que trabalham para construir uma sociedade mais inclusiva. “É muito emocionante poder representar as pessoas com deficiência. É uma bandeira que defenderei com muita garra e responsabilidade”, respondeu orgulhosa.

Luana tomou pose no dia 15 de março 

As suas frentes e propostas de campanha são causas que ela defende e leva para além do cargo de vereadora. Luana deseja continuar trabalhando em prol da comunidade santo-angelense e, para isso, ela também manifesta o interesse em lutar para implantar políticas públicas para as pessoas com deficiência.

Ela pretende criar um órgão gestor municipal ligado a políticas públicas de acessibilidade e inclusão, garantir atendimento preferencial à pessoa com deficiência e promover ações de empregabilidade através de programas de educação profissional ao jovem com deficiência.

Para a população com deficiência ela deixa o seguinte recado: “Somos capazes sim de fazer a diferença. Nunca desistam dos seus sonhos. Lutem, tenham fé. Prosseguir sempre, desistir jamais. O céu é o limite.”

Além de toda a representatividade, a participação de pessoas com deficiência na política e em outros setores da sociedade tem um peso ainda maior, é a garantia de um olhar efetivo para essa população, é a oportunidade de ter mudanças e avanços. É um caminho para a informação e conscientização, além de garantir o que é direito de todo cidadão, a participação efetiva nas decisões sobre a sociedade em que vive.

*Thaissa Alvarenga é fundadora da ONG Nosso Olhar

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