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A criança e o brinquedo

A importância do brinquedo e das brincadeiras desde cedo na vida da criança

Eva Wongtschowski Publicado em 15/08/2021, às 07h00

O brinquedo e a criança
O brinquedo e a criança

Antes de entrar no assunto proposto gostaríamos de contar a vocês que a atividade de brincar das crianças se estende até a idade adulta apenas com roupas diferentes. Há aqueles adultos que não deixam de ver sua novela de todos as noites ou o futebol das quartas feiras. A novela e o futebol levam os adultos a viver uma experiência no plano da imaginação: na novela há sempre um personagem com quem simpatizamos mais, no futebol se empurra a bola para o gol junto com o atacante. Brincar é fundamental em qualquer época da vida: há uma linha que acompanha a atividade lúdica da criança, que se estende para a atividade do trabalho e que nos leva a ver filmes, ler histórias, jogar.

Não poucas pessoas conseguem - que sorte - transformar uma brincadeira, um hobby em trabalho. Quando adolescentes descobrem tudo num computador por diversão e mais tarde decidem se dedicar à mesma coisa, mas trabalhando. Em alemão a palavra que significa brincar também quer dizer atuar, fazer um papel numa peça de teatro. Brincar, atuar, jogar, trabalhar estão todos ligados.

Brincar é uma atividade fundamental para a saúde física, psíquica e intelectual. A ação do bebê sobre os objetos - tocar, empurrar, pegar, largar, tornar a pegar, lhe fornece a sensação de que ele é real, que ele existe, e essa existência é contínua. Ao relacionar-se com os pais, ao brincar a criança se sente de verdade, como existindo, existindo como si mesmo. O bebê cria o mundo nas relações com aqueles que cuidam dele e brincando, agindo sobre os objetos.

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A memória vai se estabelecendo a partir das impressões sensoriais: do que ouve, do que vê, do sabor do leite, dos movimentos de sucção, dos cheiros, de tudo que entra em contato com sua pele, do que toca com seus movimentos dos braços, das mãos, pernas e pés. A rotina, o que vai se repetindo todo dia, da presença constante dos pais nos primeiros meses, vai oferecendo ao bebê a condição de viver o sentimento de identidade, de eu. Na medida em que vai crescendo o bebê pode se lembrar e reencontrar o que deixou ao dormir.

Os primeiros brinquedos do bebê são a voz, o olhar e o peito da mãe ou a mamadeira que ela lhe oferece. Ouvir a mãe falar ou cantar, se dirigindo a ele, olhar a mãe olhando para ele, se alimentar sugando são os brinquedos prediletos dos primeiros meses. À hora do banho devagarzinho vai se tornando um bom momento de brincadeira com as invenções que os pais podem proporcionar; quando os pais trocam fralda, a roupa, e brincam com o bebê, contando-lhe o que estão fazendo, acariciando os pés, as mãos isso se constitui numa boa brincadeira.

Ao nascer os melhores brinquedos do bebê, começando pela mãe e pai, são aqueles que estimulam seus órgãos dos sentidos. Objetos coloridos, de formas diferentes pendurados diante dele; objetos que fazem barulho, que balançam. Os brinquedos apresentados pelos pais podem substituí-los no momento em que eles não estão próximos: os brinquedos são de algum modo são seus representantes, lembram os pais, fazem companhia ao bebê.

Na medida em que os bebês vão crescendo não é necessário que os pais fiquem o tempo todo em sua companhia: eles vão aprendendo a brincar e se entretém sozinhos por um período de tempo. É importante que os pais ofereçam objetos de diferentes cores, texturas, tamanhos e dar tempo e espaço para que os bebês os descubram, explorem e criem uma forma pessoal de brincar com eles. Não é necessário que os pais comprem brinquedos caros: as coisas que as crianças mais gostam são as coisas da casa ou pequenos objetos preparados por eles.

As crianças vão se fazendo, se formando como pessoa pela relação com os pais e brincando. Agindo com e sobre os objetos – brinquedos- a criança vai criando e experimentando habilidades. Ela dispõe dos brinquedos e inventa um mundo próprio onde pode reinar. A tampa de plástico de um pote, o pote, um pano macio, uma folha de planta, observando os quadros da casa, os pés das cadeiras e da mesa, olhar pela janela, sentir o vento, ver as folhas balançando, fazem o universo do bebê. Brincar não cansa: a criança inventa, inventa mais, inventa de um jeito novo.

O brinquedo, ele mesmo, não é o mais importante. O importante é o que a criança pode vir a fazer com ele. Um pequeno objeto despretensioso pode se transformar em tudo que sua fantasia e imaginação lhe oferecem. A criança vai adquirindo familiaridade com o mundo quando pode agir e criar com seus objetos.

É interessante lembrar aqui que as crianças não precisam de muitos brinquedos, e muito menos brinquedos “prontos”: não precisa de um carro de bombeiro para brincar de bombeiro. Se ela souber que os bombeiros existem e o que eles fazem, qualquer coisa pode virar um bombeiro: a imaginação resolve isso muito bem.

Algumas sugestões para os bebês de até 6 meses

  1. Passar a mão delicadamente sobre as mãos e pés do bebê;
  2. Deixar que ele segure seu dedo e faça ele sentir seu movimento com sua mão;
  3. Fazer diferentes sons com a boca, com o molho de chaves, bater palmas, estalar os dedos, bater com cadência em algum objeto. E vá contando para o bebê o que você está fazendo;
  4. Esconder seu rosto com as mãos e logo aparecer de novo;
  5. Entre 3 e 4 meses o bebê já vai conseguir brincar com suas mãos, consegue bater num objeto próximo, consegue segurar um objeto e devagar vai levar a mão na sua direção.
  6. Passar uma escova macia nos pés do bebê;
  7. Você pode preparar um painel com formas e cores diferentes. Bebês adoram olhar.
  8. Saiba mais em: Tempo Junto

*Eva Wongtschowski é psicanalista (11)3079 6642 www.gamp21.com.br

Assista entrevista sobre brincadeiras no Papo de Mãe com a cantora Wanessa Camargo e a Patricia Camargo do Tempo Junto

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