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Levantamento revela que 25% das crianças e adolescentes têm algum tipo do dor crônica

A dor crônica na infância nem sempre é uma dor de crescimento

Redação Papo de Mãe Publicado em 04/04/2022, às 06h00

Toda dor merece atenção
Toda dor merece atenção

São poucos os estudos sobre dor crônica na infância, mas já se sabe que fatores psicológicos e de estilo de vida podem ser gatilhos para a sensação.

A dor crônica é recorrente em crianças e adolescentes. Contudo, segundo o ortopedista pediátrico David Nordon, que também é professor da disciplina de Saúde Pública da Pontifícia Universidade Católica – São Paulo - PUC-SP (Campus Sorocaba) e pesquisador do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas (HCFMUSP), o tema é pouco difundido e estudado. “A dor crônica é altamente prevalente em crianças e adolescentes. No entanto, são escassos os levantamentos que indiquem, com base científica, o tratamento adequado. Por esse motivo, desenvolvi um trabalho que busca revisar as evidências mais recentes para o transtorno nessa faixa etária. Assim, posso direcionar condutas com base em indicadores para o melhor diagnóstico dos meus pacientes”, explica o médico.

Nas análises realizadas pelo ortopedista, 25% das crianças e adolescentes reclamam de algum tipo dor, que podem ser desencadeadas por fatores emocionais, sociais e de hábitos de vida. “A dor crônica é definida como uma sensação que persiste por três meses ou mais, possivelmente acompanhada de mudanças no comportamento, personalidade e funcionalidades, bem como o desenvolvimento da depressão”, diz Nordon.

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Ele ainda explica que a dor crônica afeta o sistema de estresse endógeno, provocando mais estresse precoce, disfunção psicológica, aumento da frequência cardíaca, menor variabilidade da frequência cardíaca e aumento da proteína C-Reativa (indicando ativação da cascata inflamatória). “A escada analgésica de tratamento da dor em crianças conta com apenas dois degraus, ao contrário dos quatro degraus dos adultos, ou seja, temos de ser mais incisivos no tratamento.”

Especificamente na área de atuação de Nordon, a ortopedia infantil, ele aponta que se nota um crescente número de crianças com dores crônicas nas costas, principalmente na região lombar – lombalgia -, e que a prevalência varia de 1% até 44%, é mais comum em meninas e aumenta progressivamente conforme a idade.

“A maioria dos casos são musculares e os possíveis motivos para a dor lombar podem ser: atividade física exagerada e sem acompanhamento profissional. A prática esportiva, sendo realizada moderadamente e com acompanhamento, torna-se um fator protetivo. O uso de computadores, sobrepeso, levar mochilas muito pesadas nas costas, o desenvolvimento puberal e a velocidade de crescimento também podem causar a dor. A tecnologia, o uso de celular de forma não adequada e por longas horas, por exemplo, provoca o desenvolvimento de dores nos ombros e pescoço. Entre os fatores emocionais estão o estresse, brigas familiares e, no caso dos adolescentes mais velhos, até mesmo a angústia por um curso mal escolhido pode somatizar e se transformar em uma lombalgia crônica ica”, explica Nordon.

O médico ainda salienta que as queixas das crianças e adolescentes não devem ser negligenciadas. “Ter dor frequente não é normal! É um sinal de que algo não vai bem e precisa ser investigado”, finaliza.

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