"Meu filho superdotado e a rede de apoio que se formou depois do meu grito de socorro", conta Roberta Castro

Mãe fala sobre superdotação e como conseguiu, através do Papo de Mãe, formar uma rede de apoio para ajudar o filho

Por Roberta Castro* Publicado em 04/04/2022, às 13h52

"Fiz um relato aqui no Papo de Mãe pedindo ajuda para entender e atender as necessidades do meu filho", diz Roberta Castro -

Lembro dos diálogos que tinha com a minha matriarca e a famosa frase “quando você for mãe, você vai me entender”. Soa clichê, mas é real. A maternidade é muito real. É um encontro maluco com a sua melhor e a sua pior versão, às vezes, tudo junto e ao mesmo tempo. Por isso, que não é incomum ouvir de outras mulheres já com filhos que “mãe é tudo louca”!

Aqui na minha jornada solo, com o Filippo de 5 anos, não foi e nem será diferente. É uma loucura boa, confesso, porém bastante cansativa e alguns dias exaustiva. Foi no auge da pandemia, em meados de fevereiro de 2021, que comecei a me desesperar. Isso porque, meu filho começou a dar sinais evidentes de superdotação.  Desde de muito novo, ele sempre teve um desenvolvimento acima da média, mas foi próximo a chegada da idade escolar que a coisa ficou mais séria. Pippo se tornou bilíngue com 3 anos, apenas vendo desenhos na TV. Possui uma memória extraordinária capaz de lembrar detalhes de algo que viveu no auge de seus 10 meses de vida. Além disso, possui raciocínio lógico com alta capacidade para resolução de problemas.

Filippo,de 5 anos, se tornou bilíngue com 3, apenas vendo desenhos na TV

Assista ao Papo de Mãe sobre altas habilidades.

Foi então que eu resolvi pedir socorro. Fiz um relato aqui no Papo de Mãe pedindo ajuda para entender e atender as necessidades do meu filho, já que ele precisava de uma escola no mínimo bilíngue e acompanhamento psicológico e multidisciplinar. Até então, ele se quer havia realizado do teste de QI (na verdade, eu nem sabia bem o que era isso).

De acordo com dados do Censo Escolar de 2020, há cerca de 24.424 estudantes com perfil de altas habilidades ou superdotação matriculados na educação especial. Porém, identificar o número real de estudantes superdotados ainda é um dos maiores desafios na área de educação. Fato que configura um problema, pois crianças superdotadas devem receber educação especializada e adaptada às suas particularidades.

Depois da minha história vir a público, uma imediata rede de apoio se formou na minha frente. Foram escolas, clínicas e neuropediatras em contato comigo para encontrarmos, juntos, uma solução para aquela dor de mãe, a minha dor de mãe. Quem tem sabe bem como é.

Nesse momento, minha impotência se tornou esperança. Primeiro a neuropsicopedagoga Dra. Mariana Casagrande nos ofereceu uma ajuda para diagnosticar e laudar Filippo. Era a chance que eu tinha para tirar de vez aquela angústia da dúvida e ajudá-lo com aquilo que ele realmente precisava. O resultado obtido dois meses depois de uma série de testes foi um QI de 134 relativo à superdotação aos 4 anos e meio (o normal é entre 80 e 90) e uma idade cognitiva de 7 anos e 2 meses. Os pontos altos identificados nas sessões foram raciocínio lógico e memória.

Antes mesmo da conclusão deste laudo, a diretora da  Camino School, Leticia Lyle, nos procurou e também abriu as portas de sua escola para nos ajudar. Uma escola trilíngue, inclusiva e com uma metologia de ensino das mais incríveis que eu já conheci. Pippo simplesmente ama esse lugar e não há um dia sequer que ele não acorde com vontade de ir. A inclusão para alunos superdotados é o maior desafio das mães hoje. Falo isso sem sombra de dúvidas, pois nas minhas andanças em busca de ajuda reuni 30 mães que hoje fazem parte de um grupo de discussão. A maior dor é não saber como ajudar os filhos, com o melhor acompanhamento psicológico, a melhor escola para inclusão, entre outros perrengues.

Por fim, recebi um grande presente. Uma parceria com a Poppins micro-schools que tem me ajudado no contraturno do Pippo, já que ele necessita de um atendimento multidisciplinar. Educadoras ficam conosco dois dias da semana e ensinam ele a fazer artesanato com material reciclado, culinária, construção de brinquedos com blocos e muitas outras descobertas.

O que eu quero contar com todo esse relato? É que sim, é possível alcançar aquela ajuda lá no alto, que parece tão inacessível, distante. Acredite e tenha empatia com seu filho. Esteja atenta para qualquer anormalidade e nunca fechem os olhos para o diagnóstico, seja ele positivou ou desafiador. Ser mãe é estar lado a lado da sua cria na busca por um lugar feliz.

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Deixo aqui algumas dicas que foram valiosas e acredito que podem ajudar quem está no começo desta caminhada longa de descobertas incríveis e desafios assustadores também.

*Roberta Castro é Jornalista e Relações Públicas, mãe do Filippo @filippocastromorgado

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